Em uma dura crítica à demora para conseguir colocar em julgamento da chapa Dilma-Temer, o ministro Herman Benjamin, relator do processo no Tribunal Superior Eleitoral, fez duras críticas aos pedidos das defesas.
O ministro elencou o que, para ele, eram sucessivos pedidos para postergar o processo.
O cerne é decidir se a delação da Odebrecht, que não constava na ação inicial do PSDB, deveria entrar no julgamento. Isso é relevante porque a empreiteira faz graves acusações de caixa dois na campanha.
Herman disse então que ouviu (quase) todas as testemunhas requeridas pelas defesas de Michel Temer e Dilma Rousseff.
Só faltou ir no cabaré.
"Quanto aos depoimentos, insiste na mesma tecla, requerendo que se ouçam pessoas que não vinculam concretamente aos fatos, casos de doleiros, motoqueiros, seguranças, etc. Sem esquecer de mencionar os donos de inferninho, ou, para usar a expressão de uma das testemunhas, os donos de cabaré", disse o ministro.
Herman foi claro.
"A verdade é essa: não se quer aqui nestes autos as provas relativas a odebrecht. O que se quer é que o TSE feche os olhos sob argumentos técnicos à prova referente à Odebrecht".
O ministro ainda alfinetou a tentativa de desqualificar a delação e seu uso no processo. "Há algum estudante aqui presente que não saiba que a Odebrecht foi investigada na Lava Jato? Portanto, eu espero que pelo menos isso se entenda como fato público e notório, porque se isso não for, não haverá fato público e notório".
Herman Benjamin deu como exemplo, além do tal dono de cabaré, um pedido da defesa de Dilma para a análise de documentos. "Não faz sentido tornar a instrução uma progressão ao infinito. A representada buscou, em outro momento do processo, a análise indiscriminada e individualizada de oito mil documentos, incluindo amostras de eleições passadas".