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Publicitário que usava vape, o cigarro eletrônico, tem complicação pulmonar em SP

Nos Estados Unidos, são 450 casos de doença e seis mortes associados ao uso de cigarro eletrônico. Agente causador ainda é uma incógnita.

O publicitário Pedro Ivo Brito, 29, teve um quadro de pneumonia agravado, de acordo com seus médicos, por ele ser usuário de cigarro eletrônico, o vape.

Há um ano ele trocou o cigarro comum pelo Juul, um dos mais populares modelos usados no mundo. No Brasil, a comercialização desse tipo de cigarro eletrônico é proibida, mas seu uso não é criminalizado.

Nos Estados Unidos, desde julho deste ano já foram registrados mais de 450 casos de doença pulmonar associados ao uso de vapes, que resultaram em seis mortes. Os agentes causadores da doença, no entanto, ainda são uma incógnita e geram debate entre especialistas norte-americanos.

"O que se sabe é que o vaporizador pode causar uma inflamação pulmonar. Ainda não se sabe se são as substâncias usadas no vape, a temperatura do gás inalado ou outro fator", aponta o médico do Núcleo de Reumatologia do Hospital Sírio Libanês Thiago Bitar Barros, que cuidou do publicitário.

Depois de passar cerca de duas semanas com dor no peito, tosse e dificuldade de respirar, o que o fez suspender o uso do vape, Pedro Ivo foi internado em 2 de setembro no Hospital Beneficência Portuguesa, em São Paulo, com um quadro de pneumonia.

A doença foi agravada com um derrame de líquido na pleura, membrana que recobre o pulmão. Ele teve de extrair o líquido com uma cirurgia por vídeo e a colocação de um dreno.

"Ele sofreu uma lesão pulmonar. Na investigação levantamos essa hipótese de ser por causa dos vaporizadores, que ele usou muito. Ele sofreu um quadro bacteriano com pulmão inflamado pelo vaporizador", diz o médico Bitar.

O especialista contou ainda que, no mês passado, outra paciente, que usava vape fazia três meses, foi internada e entubada devido a uma situação semelhante, passando cinco dias na UTI.

Para cravar o diagnóstico e localizar os agentes responsáveis pela doença, os pacientes teriam de passar por uma biopsia pulmonar — o que, segundo o médico, foi evitado por se tratar de um procedimento muito invasivo.

"O importante é que Pedro Ivo nunca mais vai usar e nunca mais vai vaporizar nada", afirma Bitar.

O publicitário confirma:

"Um problema do vape é que ele proporciona você fumar em qualquer lugar e é fácil de levar no bolso. Quando você percebe, está fumando muito mais do que quando usava cigarros comuns."

Preocupado com o uso de vapes, Pedro Ivo usou seu perfil no Instagram para alertar seus mais de 16 mil seguidores. Ele usava nicotina com essências.

Especialista em tabagismo, o pneumologista Aldo Agra, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), afirma que há poucos dados sobre a doença pulmonar que tem atingido os norte-americanos. "Está tudo sendo investigado. O cigarro eletrônico é uma coisa extremamente nova e no Brasil sua venda é proibida."

O pneumologista afirma que a decisão dos médicos brasileiros é de não indicar o uso de vaporizadores para ajudar os fumantes a deixar o tabaco, como forma de redução de danos.

"As duas coisas são ruins. Cigarro eletrônico tem substâncias cancerígenas no meio. E quem os fuma fuma até mais que um fumante de tabaco. Quem usa vaporizador continua exposto à nicotina, continua viciado e este não é um meio isento de riscos. A pessoa tem é de parar de fumar", afirma Aldo Agra.

"É trocar seis por meia dúzia. A pessoa demora anos para desenvolver um tumor por causa do cigarro. No caso do vaporizador, minha paciente ficou doente depois de três meses de uso", diz Bitar.

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