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Tarso, que deu refúgio a Battisti, diz que extradição é “acordo entre governos de extrema-direita”

Ministro da Justiça do governo Lula, Tarso Genro diz que prisão e extradição de Battisti – condenado por quatro assassinatos na Itália – é decisão política, e não jurídica.

Condenado à prisão perpétua por quatro assassinatos na Itália nos anos 1970, o italiano Cesare Battisti está sendo procurado pela Polícia Civil, pela Polícia Federal e pela Interpol para ser preso mais uma vez no Brasil.

Ele pode ser extraditado, apesar de já ter recebido refúgio. Battisti foi preso pela primeira vez durante o governo Lula (2003-2010) e conseguiu o status de refugiado político para viver como um cidadão comum no país.

Em sua campanha vitoriosa à Presidência neste ano, Jair Bolsonaro (PSL) havia anunciado que, caso ganhasse as eleições, extraditaria o italiano, revendo a decisão de Lula, que foi tomada no último dia de seu governo, em 2010. Desde 2015, Battisti vivia com a mulher, brasileira, em uma casa em Cananeia, no litoral paulista. Na manhã desta sexta-feira (14), ele não foi localizado lá.

A determinação da prisão foi tomada pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luiz Fux, que havia dado uma garantia liminar para que Battisti não fosse preso. Diante de um pedido de prisão formulado pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge, Fux reviu a própria decisão e determinou a prisão.

Ministro da Justiça do governo Lula, responsável pela concessão do refúgio a Battisti, o ex-governador Tarso Genro (PT) afirmou ao BuzzFeed News que a prisão e possível extradição de Battisti é uma decisão política e não jurídica.

"Trata-se do cumprimento de um acordo de dois governos de extrema-direita. Se eu for tratar desse assunto juridicamente, vou estar prestigiando uma decisão que é política", disse Tarso.

O ex-ministro disse que não tem relações com Battisti e que o viu uma única vez. O encontro aconteceu em Porto Alegre, durante o Fórum Social Mundial de 2012. Battisti apareceu no evento para conhecer o ex-ministro e disse que estava na cidade para lançar um de seus livros.

Hoje (14) o presidente eleito e o ministro do Interior da Itália, Matteo Salvini, trocaram mensagens pelo Twitter sobre Battisti.

Grazie per la vostra considerazione, Ministro dell’Interno d'Italia. Lascia che tutto si normalizzi brevemente nel caso di questo terrorista assassino difeso dai compagni degli ideali brasiliani! Conta su di noi! https://t.co/Vlygf7pygp

"Será um grande mérito do presidente Bolsonaro se ele ajudar a Itália a ter Justiça, presenteando Battisti com um futuro em sua terra natal", escreveu o italiano.

"Que tudo seja normalizado brevemente no caso deste terrorista assassino defendido pelos companheiros de ideais brasileiros! Conte conosco!", respondeu Bolsonaro.

Cesare Battisti era militante do PAC (Proletários Unidos pelo Comunismo), grupo que, em suas ações, foi responsável pela morte de quatro pessoas entre os anos de 1977 e 1979. Ele foi julgado à revelia e condenado à prisão perpétua.

Battisti sempre negou participação nos crimes. Não foi preso na Itália porque já havia fugido para o México. Depois, exilou-se na França, mas teve o exílio suspenso. Fugiu para o Brasil em 2004. Foi preso no Rio de Janeiro em 2007 e, em 2009, recebeu o refúgio do então ministro Tarso Genro, que foi confirmado por Lula em seu último dia de governo, em 2010.

O ex-ativista tornou-se escritor de romances quando ainda vivia na França. No Brasil também escreveu romances e uma autobiografia, "Minha fuga sem fim".

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