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Queermuseu, a exposição censurada em Porto Alegre, faz vaquinha na internet para reabrir no Rio

Em dois dias, crowdfunding arrecadou R$ 66 mil. O objetivo é juntar R$ 690 mil até 29 de março e lançar o evento em maio, no Parque Lage.

Em dois dias, a exposição "Queermuseu: Cartografias da Diferença na Arte Brasileira" recebeu R$ 66 mil de 348 doadores para voltar a ser exibida, desta vez no Rio de Janeiro.

A Escola de Artes Visuais (EAV) do Parque Lage e o curador da exposição, Gaudêncio Fidélis, lançaram na quarta-feira uma vaquinha online para arrecadar R$ 690 mil até o dia 29 de março e relançar a Queermuseu no Parque Lage. Na manhã desta sexta (2), o crowdfunding chegava a 10% do total almejado.

Em setembro passado, a exposição foi censurada em Porto Alegre pelo Santander Cultural, que a exibia, depois de receber críticas de movimentos de direita, como o MBL (Movimento Brasil Livre), que acusaram as obras de trazer imagens que incentivariam práticas como pedofilia e zoofilia. Instado a investigar, o Ministério Público isentou as obras, mas o Santander manteve a suspensão da exposição.

O curador Fidélis foi convocado a depor na CPI dos Maus Tratos à Infância e teve de explicar o conteúdo das obras em Brasília, e disse ao presidente da CPI, senador Magno Malta (PR-ES), que algumas obras atribuídas à Queermuseu em posts nas redes sociais nem sequer faziam parte do acervo da exposição, na verdade.

A Queermuseu conta com 263 obras de 85 artistas, datadas do século 20 até os dias atuais. No final do ano passado, Fidélis foi convidado a levar a exposição para o MAR (Museu de Arte do Rio). Constrangido, o museu desconvidou o curador porque o prefeito Marcelo Crivella (PSC) proibiu a exposição. Com ironia, Crivella disse que a exposição não iria para o MAR, e sim para o "fundo do mar".

"É um sucesso [o crowdfunding], mas só vamos comemorar quando batermos a meta, né?", disse o diretor do Parque Lage, Fabio Szwarcwald, para quem o movimento de apoio à reabertura da exposição "mostra que a gente não pode aceitar a censura que vem ocorrendo, de forma agressiva e autoritária".

Além da exposição, prevista para maio, o Parque Lage planeja uma série de debates sobre censura, artes a e minorias. Os eventos são de acesso gratuito e a plataforma de crowdfunding é a benfeitoria.com.

Gaudêncio Fidélis disse que sete artistas prepararam cartazes para recompensar os doadores que contribuírem com valores acima de R$ 400. Mas as doações podem ser feitas a partir de R$ 20. Todos os doadores terão o nome incluído no catálogo.

"O queer é aquilo que não é normativo, que não se enquadro no que é vigente. Isso transcende a questão de identidade de gênero", afirmou Fidélis.

Para ele, a exposição Queermuseu, assim como a expressão queer, também se ampliou, não se tratando apenas de arte. "Não podemos conceber a censura como uma questão dada. A exposição no Parque Lage, por meio de um crowdfunding, é uma espécie de reparação pelo que ocorreu", disse o curador.

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