Deputados da ala bolsonarista do PSL defendem que o presidente Jair Bolsonaro crie um novo partido para que, assim, possam migrar para a nova sigla sem perder o mandato. "Assim que eu tiver uma primeira janela, uma oportunidade, estou vazando [do PSL]", disse hoje (5) a deputada mineira Alê Silva ao BuzzFeed News.
De acordo com a legislação eleitoral, esta é uma das poucas situações em que um parlamentar pode trocar de legenda sem ter seu mandato tomado pelo partido pelo qual foi eleito.
Outra deputada que deixaria a legenda e seguiria Bolsonaro é Chris Tonietto (RJ), segundo a assessoria dela. A ala bolsonarista conta com ao menos 18 dos 53 parlamentares do PSL.
A manifestação dos deputados se contrapõe a ala não bolsonarista do PSL, que cogita até pedir a expulsão do presidente da República na crise que se arrasta há um mês no partido.
Aliada do presidente contra a chamada ala bivarista (de apoio ao presidente do PSL, Luciano Bivar), Alê Silva ressalta que, caso o presidente decida pela criação de um novo partido, ela poderá deixar o PSL sem retaliações.
Para ela, a proposta de expulsar Bolsonaro "não passa de mais um blefe". Ela própria teve sua expulsão pedida na comissão executiva do PSL, mas o processo não foi concluído.
O deputado Coronel Chrisóstomo (RO) é outro que anunciou deixar a legenda caso Bolsonaro confirme sua saída do PSL e crie sua própria sigla.
"Estou junto com o nosso presidente e estarei sempre com ele", disse o deputado ao BuzzFeed News. Ele afirmou que ainda não ter perdeu as esperanças de uma reconciliação entre o PSL e os bolsonaristas.
"Conversei muito rapidamente com o presidente e com o líder na Câmara [Eduardo Bolsonaro] e ainda não tem nada fechado com isso [a criação da sigla]", disse.
Enquanto Bolsonaro não bate o martelo sobre seu futuro partidário, nas redes sociais os bolsonaristas fazem uma campanha pela nova legenda.
A hashtag #EuAssinoBolsonaro esteve entre os trending topics do Twitter durante toda a tarde, com apoiadores dizendo que assinariam o abaixo-assinado necessário para ingressar com os trâmites de um novo partido.
Um dos critérios para a criação de uma nova sigla é a obtenção de 491.967 assinaturas em pelo menos 9 estados da Federação.
O problema da criação de um partido é o tempo. Hoje, há mais de 70 pedidos de registro de partidos. Há vários quesitos burocráticos que podem impedir que uma nova legenda de Bolsonaro esteja apta para disputar as eleições municipais de 2020.