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Nem a aula virtual livrou este professor do racismo. Agora, ele é xingado online.

Júnior foi chamado no chat da aula de macaco por um aluno de 12 anos. Toda a escola o apoiou. Então, um ex-aluno postou um vídeo no Twitter dizendo: "macaco não tem lugar de fala; volta para a selva".

O professor de História José Nilton da Silva Júnior, 39, estava dando sua aula online quando um aluno de 12 anos o chamou de "macaco" e "gorila" no chat da classe. Aconteceu no dia 18 de junho e foi a primeira vez que Júnior foi vítima de racismo dentro de uma sala de aula, ainda que virtual. Agora, em um vídeo no Twitter, um ex-aluno, de 15 anos, repudiando o apoio que o professor recebeu, afirmou: "macaco não tem lugar de fala; volta para a selva".

No primeiro episódio de racismo, cometido pelo menino de 12 anos, o professor acreditou que era seu papel educar o estudante. Ele, os pais, a criança e os gestores da escola conversaram. O aluno se desculpou, inclusive no mesmo ambiente virtual do colégio católico La Salle Abel, de Niterói, na região metropolitana do Rio.

Já o vídeo racista do ex-aluno foi denunciado pelo professor à polícia. Ele registrou um boletim de ocorrência na 77ª DP, de Icaraí, no domingo e conversou com o BuzzFeed News nesta segunda-feira (13). No vídeo, o adolescente fala, ao lado de um amigo: "Estão aí babando o ovo do Júnior. Vai se foder, macaco". O amigo continua ao lado do colega, mas não se manifesta. Até que o menino continua afirmando: "macaco não tem lugar de fala; volta para a selva".

"No primeiro caso foi um aluno de 12 anos, uma criança, na verdade. Encarei como parte do meu trabalho, de educar e transformar. Ele é meu aluno. Ele pediu desculpa no mesmo ambiente virtual e resolvemos", contou o professor, que foi autorizado pela direção do colégio a criar um núcleo na escola para discutir questões raciais.

"No segundo caso, eu fiquei bastante indignado. O vídeo é tenebroso", disse.

"É um vídeo horroroso, terrível. Ele publicou na própria rede e depois apagou. Os dois que aparecem no vídeo são ex-alunos. Me lembro deles. Nunca tiveram problemas pessoais comigo. É estarrecedor e não tem nenhum sentido. Mas é isso, o racismo não tem nenhum sentido. Fui à delegacia e prestei queixa."

Apesar das ofensas, Júnior disse que não se decepciona com a função de educador. Tem recebido apoio dos demais alunos, que chegaram a gravar um vídeo de suas casas para animar o professor, que já recebeu cestas de café da manhã, cartazes e chocolates.

"Não dá uma sensação de fracasso porque há as manifestações a favor. São alunos que escrevem e mostram como a gente é importante na vida deles. Não posso desistir diante da minha missão. O racismo é estrutural e tem de ser combatido por todos e não só por nós, negros."

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