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Havia denúncias de abuso sexual contra prefeito há 16 meses; mas nada foi feito até exposição no "Fantástico"

Mulheres mostraram a cara para denunciar e vídeo com abuso também foi divulgado em março do ano passado. Só agora vereadores e partido do prefeito, o PC do B, resolveram agir.

A sorte do prefeito de Uruburetama (CE), o médico ginecologista José Hilson de Paiva, 70, mudou no último domingo depois que o programa "Fantástico", da TV Globo, levou ao ar uma reportagem de 12 minutos que mostrava o médico tendo contatos íntimos do médico com suas pacientes. Segundo o programa, há ao menos 63 vídeos que foram gravados ao longo dos últimos anos mostrando o médico abusando das mulheres durante as consultas.

O escândalo, no entanto, foi revelado há mais de um ano, em março de 2018, com vídeos e depoimentos de mulheres, que deram seus nomes e mostraram seus rostos para fazer a denúncia. Na ocasião, o prefeito registrou um boletim de ocorrência dizendo-se vítima de extorsão e perseguição política.

Apesar da magnitude e do grande número de mulheres que relatam abusos por parte do prefeito na cidade de 20 mil habitantes, nenhuma providência foi tomada contra José Hilson até agora. Apenas nesta segunda, um dia depois do caso ser exposto em rede nacional, a Câmara de Vereadores vai se reunir para decidir se afasta o prefeito. Não há informações sobre a conclusão de inquérito pela polícia nem denúncia (acusação formal) pelo Ministério Público.

A cúpula nacional do PC do B, legenda pela qual o médico foi eleito em 2016, também decidiu julgar apenas hoje o processo de expulsão, apesar de ter conhecimento das denúncias desde março do ano passado. Os casos

Os casos

Maria Eleoneida foi uma das mulheres que se apresentaram em um vídeo divulgado pelo portal Ceará News no ano passado. Ela afirma que não relatou os abusos na época por medo das consequências com o marido. E disse ainda que o médico afirmou ser uma "autoridade" e disse que ela cairia em descrédito.

“Eu fiquei com medo porque ele disse que ele era autoridade e quem era eu? Na frente dele eu não era nada”, disse Maria Eleoneida em vídeo.

Numa das denúncias, paciente afirma que o médico sugou um de seus seios, que estava com um nódulo, afirmando que aquele era um procedimento para checar se havia secreção. Também mandava que elas ficassem nuas para receberem banhos de luz. Ele chegava a penetrar as mulheres, sempre dizendo que estava fazendo seu trabalho como médico.

O BuzzFeed News tentou falar por duas vezes com a delegada do caso, Rogéria Neusa de Souza, para saber como está o inquérito que deveria apurar o caso, mas ela estava em diligências pela cidade.


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