Na próxima semana, o Senado deverá votar o substitutivo da Câmara sobre as regras de repatriação mantendo a proibição de pessoas que exerçam funções públicas e de seus parentes.
A proposta que liberava os parentes foi apelidada de "emenda Cláudia Cruz", em referência à conta no exterior em nome da mulher do ex-deputado Eduardo Cunha, preso na Lava Jato.
Segundo a Lava Jato, a conta da jornalista recebeu dinheiro de propina ao peemedebista.
O líder do PSDB no Senado, Paulo Bauer (SC), contou ao BuzzFeed Brasil que o partido recuou da proposta de liberar os parentes depois que a ideia foi bombardeada pelos eleitores.
"Não temos vocação para a surdez em relação à sociedade", disse o senador.
"Nenhum parente meu tem dinheiro no exterior, graças a Deus".
Bauer disse que defendeu publicamente a possibilidade de parentes usarem o expediente porque considera que o veto é inconstitucional e lembrou que, quando esse trecho do projeto de lei estava em votação no Senado, foi aprovado pelo "PSDB inteiro".
"A lei é muito clara. Diz que os recursos estão sujeitos a todo tipo de fiscalização e todos têm de comprovar a origem. Não é para liberar dinheiro sujo. Será que o parente do político, sabendo que o dinheiro é ilícito, tem vocação para colocar a corda no pescoço? Eu creio que não", disse Bauer.
Segundo o senador tucano, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), que chegou a dizer à imprensa que "até o irmão do (traficante) Fernandinho Beira-Mar" poderia repatriar, não apresentará a emenda ao substitutivo da Câmara no dia da votação.
"O PSDB manteria sua posição (de permitir repatriação a parentes), mas existe uma realidade. Hoje a opinião pública, a sociedade, se manifesta com muita desconfiança sobre tudo o que diz respeito a políticos. Analisamos que seria muito desgastante e contrário ao sentimento popular", disse Bauer, que lidera uma bancada com onze senadores.
Apesar de decidir não apresentar uma emenda, o PSDB vai liberar seus senadores para votarem livremente caso algum outro partido apresente a proposta. Mas a expectativa é de que isso não ocorra por causa das críticas que o Senado recebeu.