O Ministério Público Federal questionou os ministérios do Meio Ambiente e da Ciência e Tecnologia a respeito das declarações recentes do governo sobre a exatidão dos dados produzidos pelo INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) relativas ao desmatamento no Brasil.
Em 2 de agosto, o presidente Jair Bolsonaro demitiu o diretor do instituto, depois de fortes críticas aos dados de desmatamento divulgado com regularidade pelo INPE. Bolsonaro disse, em julho, que esses dados não poderiam ter sido divulgados sem a análise prévia do governo, pois poderiam comprometer a imagem do Brasil no exterior. "Tenho a convicção que os dados são mentirosos", disse Bolsonaro, e afirmou que o então diretor do INPE, Ricardo Galvão, que seria exonerado, parecia estar "a serviço de alguma ONG".
O procurador da República Luís Eduardo Marrocos de Araújo, da 4ª Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público Federal (Meio Ambiente), deu 10 dias para os ministérios e a nova direção do INPE responderem aos questionamentos. Segundo o MPF, o governo terá de apresentar a justificativa para ter colocado em xeque a fidedignidade dos dados oficiais sobre desmatamento.
O requerimento consiste de três perguntas. Caso reafirme suas críticas, o governo é instado a responder: “em que consistem tais fatos (os erros); em que períodos tais fatos afetaram os referidos sistemas de monitoramento; qual o alcance das distorções provocadas por tais intercorrências e quais medidas estão sendo ou serão adotadas, a fim de se restaurar a fidedignidade dos mencionados sistemas de monitoramento”.