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Aqui estão as mensagens do adolescente acusado de ser cúmplice no massacre de Suzano

"Foi meu melhor amigo que fez. Meu amigo de infância."

Para deter G.V.G.O., 17, a polícia de Suzano e o Ministério Público elencaram uma série de indícios de que o adolescente, amigo e ex-colega de classe de Guilherme Taucci Monteiro, estaria ligado ao massacre do dia 13 de março, mesmo sem estar na escola Raul Brasil naquele dia.

Foram depoimentos, incluindo declarações do próprio suspeito, e trocas de mensagens por redes sociais, além de evidências de participação de G.V.G.O. no Dogolachan, fórum na dark web em que proliferam discursos de ódio, racismo e misoginia.

Para os investigadores, G.V.G.O. foi um dos mentores intelectuais do crime e ainda não foi esclarecido por que ele não participou do dia do ataque. Todo o planejamento teria sido feito por ele e por Guilherme Taucci. A polícia, aliás, disse que os laudos necroscópicos confirmaram que Taucci atirou contra o amigo Luiz Henrique de Castro, seu parceiro nos assassinatos, e depois se matou.

Um dos depoimentos considerados reveladores é de uma professora que recebeu a seguinte resposta de G.V.G.O. durante uma atividade de dinâmica de grupo: “De forma fria, sem expressar qualquer sentimento, [G.V.G.O] respondeu que seu maior sonho era entrar em uma escola armado e atirar em várias pessoas aleatoriamente”.

A troca de mensagens com essa educadora foi levada à Justiça, apontando que o jovem teria reagido com frieza à notícia do massacre.

Irmã poupada

Um adolescente afirmou em depoimento que G.V.G.O. participou do planejamento, mas não sabia quando o crime seria efetivado. Ele afirmou que a irmã de G.V.G.O. foi reconhecida por Taucci na escola e poupada por ele do massacre.

Na casa do adolescente suspeito foi encontrada uma bota de estilo militar, nova, semelhante aos coturnos usados pelos assassinos.

G.V.G.O. teria conversado com colegas sobre a intenção de seus amigos de cometer o crime. Mais que isso, teria sugerido que, se envolvesse estupro, o caso ganharia ainda mais repercussão.

Para a professora, ele disse que seus amigos cometeram o crime e queriam ter mais visibilidade que o caso de Columbine. Disse que o amigo Guilherme Taucci “entrou para a história”.

As testemunhas disseram que Taucci e G.V.G.O. “idolatravam” os assassinos de Columbine.

Em uma troca de mensagens com outro rapaz, datada de outubro de 2018, G.V.G.O. narra como seria o ataque na Raul Brasil. “Eu e o Taucci iríamos um para cada lado com facas, executar os namorados primeiro.”

“A gente ia deixar as garotas nuas e executar algumas no meio do pátio”.

Estacionamento

Outro depoimento é do dono do estacionamento onde era deixado o carro que Taucci e Luiz Henrique de Castro alugaram para cometer o crime. Ele afirmou que os dois agressores chegaram ao local com um terceiro elemento. No entanto, o dono do estabelecimento não pode confirmar se se tratava de G.V.G.O. e apenas disse à polícia que o biotipo do suspeito conferia com a figura que ele vira.

"Há provas de conteúdo cibernético no delito", confirmou o delegado-titular de Suzano, Alexandre Henrique Augusto Dias, apontando ainda "provas testemunhais". O delegado afirmou também que foram realizadas compras por parte de G.V.G.O. para material usado no dia do massacre. "Ele comprou objetos que poderiam fazê-lo participar do delito", disse o delegado.

Recolhido pela polícia na manhã desta terça-feira, G.V.G.O. foi apresentado à Justiça e transferido para uma unidade não revelada da Fundação Casa. Ele deve responder por participação nos homicídios.

Adolescente negou para o advogado

A juíza da 1ª Vara de Suzano, Érica Marcelina Cruz, decretou a internação do adolescente por 45 dias. Durante o depoimento, ele e seus pais ficaram em silêncio, atendendo a orientação do advogado Marcelo Feller.

Feller, do Instituto de Defesa do Direito de Defesa (IDDD), afirmou que a apresentação do adolescente se tratou de um "teatro jurídico" e que a Justiça usou um "rolo compressor" sobre a defesa, não autorizando sequer que o adolescente recebesse reforço de segurança na internação.

Segundo o advogado, que foi nomeado pela Justiça para atuar no caso, em uma primeira conversa o adolescente negou participação nos crimes.

Compra de arma

A polícia ainda investiga se outras pessoas estão ligadas ao crime e procura o indivíduo que vendeu a arma, um revólver calibre .38, para os assassinos.

O delegado Dias afirmou que ainda não chegou ao vendedor da arma, que estava com a numeração raspada.

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