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Maria do Rosário espera receber R$ 10 mil de Bolsonaro há três anos

Em 2015, o presidente eleito foi condenado pela Justiça de Brasília por ter dito que não estupraria a petista porque ela era feia. Ele contesta a decisão da Justiça.

A deputada Maria do Rosário (PT-RS) espera receber uma indenização de R$ 10 mil do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL). Veteranos de parlamento e inimigos há pelo menos 15 anos, os dois têm uma briga judicial que se arrasta há 3 anos, quando o deputado foi condenado pela Justiça do Distrito Federal a indenizar a petista, depois de ter dito que não a estupraria porque ela era feia.

"Ela não merece porque ela é muito ruim, porque ela é muito feia, não faz meu gênero, jamais a estupraria. Eu não sou estuprador, mas, se fosse, não iria estuprar, porque não merece", disse Bolsonaro em entrevista ao jornal Zero Hora em 2014.

Na mesma época, ele discursou na tribuna da Câmara contra a petista. "Fica aí, Maria do Rosário, fica. Há poucos dias, tu me chamou de estuprador, no Salão Verde, e eu falei que não ia estuprar você porque você não merece."

A petista foi à Justiça do Distrito Federal contra o adversário. Em 2015, Bolsonaro foi condenado a pagar R$ 10 mil por danos morais e a se retratar publicamente com a deputada. Ele ainda recorre da decisão no STJ (Superior Tribunal de Justiça), mas já teve recursos negados pela ministra Nancy Andrighi.

"Vou doar esses R$ 10 mil para entidades que cuidam de mulheres vítimas de violência", afirmou Maria do Rosário nesta segunda-feira (5) ao BuzzFeed News. Ela disse ainda que Bolsonaro é réu em duas ações penais que tramitam no Supremo Tribunal Federal desde 2017, frutos desse episódio. O presidente eleito tenta anular as ações penais, que estão sob relatoria do ministro Luiz Fux.

A briga entre Bolsonaro e Maria do Rosário se estende pelo menos desde 2003, quando foi divulgado um vídeo em que o deputado acusa a petista de tê-lo chamado de estuprador, a empurra e chama de vagabunda.

O vídeo foi usado por adversário de Bolsonaro na campanha presidencial, como o tucano Geraldo Alckmin.

A discussão entre os dois deputados se deu em Brasília, no Salão Verde da Câmara, porque ele defendia a redução da maioridade penal e ela era contra. Ao falar sobre estupro, a deputada disse que as falas de Bolsonaro estimulavam esse tipo de crime. Ele disse que fora chamado por ela de estuprador e afirmou que não a estupraria porque ela não merecia. Ela respondeu que, se ele o fizesse, tomaria um tapa na cara. Ele a empurrou e a chamou de vagabunda.

Enquanto o vídeo de Maria do Rosário e Bolsonaro circulava pelas redes sociais e no horário eleitoral gratuito, a petista foi reeleita para quinto mandato no Rio Grande do Sul com dificuldade. Obteve 97 mil votos, 30 mil a menos do que em 2014, e ganhou uma mãozinha da legenda para retornar à Câmara dos Deputados, completando sua eleição com os votos obtidos pela sigla.

"Há um refluxo democrático muito severo no país. A tendência é se agravar. Foi assim que vi a vitória desse senhor. Esse senhor que foi votado e se elegeu com fake news", disse Maria do Rosário.

A deputada não fala o nome do presidente eleito. Só o chama de "este senhor". "Quanto a este senhor, eu já o venci judicialmente. Espero que ele cumpra a decisão, pague os R$ 10 mil e se retrate", disse ela.

O BuzzFeed News buscou contato com Gustavo Bebianno, que atua como advogado de Bolsonaro, mas ainda não obteve resposta.

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