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"Militares na Saúde cumprem ordens burras, cegas e genocidas", diz Mandetta

"É uma página triste do Exército brasileiro que se presta a um papelão desses: fazer uma maquiagem no meio de uma pandemia", disse ex-ministro da Saúde do governo Bolsonaro ao BuzzFeed News.

Ex-ministro da Saúde do governo Bolsonaro, Luiz Henrique Mandetta disse que a tentativa de maquiar os dados sobre mortes por Covid-19 é a "crônica de uma tragédia anunciada" porque o Planalto substituiu o corpo técnico do ministério por militares sem conhecimento nem compromisso com a saúde pública.

"Houve uma ocupação do Ministério da Saúde por militares que não têm nenhum conhecimento de saúde, não têm compromisso com a saúde. Têm compromisso com a promoção militar. E a promoção militar para eles envolve cumprir ordens burras, cegas e genocidas para que eles sejam merecedores de medalhas", disse o ex-ministro em entrevista por telefone ao BuzzFeed News.

Nesta segunda, o jornal Valor Econômico revelou que há pressão até mesmo na Agência Brasileira de Investigação (Abin) para que os números sejam maquiados e a pandemia pareça menos letal do que realmente é.

E, no início da tarde, o jornal O Estado de S. Paulo publicou que o governo mudou a contagem de mortos porque Bolsonaro não queria ver mais de mil óbitos por dia.

"É uma página triste do Exército brasileiro que se presta a um papelão desses: fazer uma maquiagem no meio de uma pandemia, um desrespeito a todas as pessoas que trabalham – os médicos estão morrendo, os profissionais de enfermagem estão morrendo – e aos familiares de pessoas que não puderam nem ter um luto decente", disse o ex-ministro.

O Ministério da Saúde está sob as ordens do general do Exército Eduardo Pazuello, que ocupa o cargo interinamente há quase um mês, desde que o médico Nelson Teich, que substituiu Mandetta, deixou o governo.

Na semana passada, o ministério atrasou o boletim com os dados da pandemia para que a notícia não fosse divulgada nos telejornais da noite, sobretudo na Globo, a quem Bolsonaro chamou de TV Funerária. Em seguida, mudou a contagem dos óbitos, registrando apenas as mortes que ocorreram no período das últimas 24 horas e omitindo mortes que ocorreram dias antes mas que só foram confirmadas como Covid-19 naquele dia.

"É um erro de condução política da qual precisa de alguém para se propor a um papelão desses, de fazer um obscurantismo total e assassinar completamente a credibilidade do Ministério da Saúde que, agora, qualquer coisa que falar sobre números, não mais terá a confiança da sociedade brasileira", disse Mandetta.

"Na hora que a gente precisa de comando a gente assiste que o comando é varrer para debaixo do tapete. É lamentável e vai prejudicar as pessoas, os serviços de saúde em seu planejamento, a economia. Vai prejudicar a abertura de portos e aeroportos porque não há confiança internacional nos números oficiais do Brasil."

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