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Mãe do goleiro Danilo, da Chape, virou youtuber para ensinar sobre luto e perda

Um ano atrás, ela deu abraço ao vivo em repórter que perdeu colegas na tragédia do voo da Chapecoense.

A mãe do goleiro Danilo, uma das 71 vítimas do voo da Chapecoense que morreram na madrugada do dia 29 de novembro do ano passado, comoveu o país quando, durante a cobertura da tragédia, perguntou inesperadamente ao repórter da SporTV Guido Nunes como os jornalistas estavam se sentindo ao perder 20 colegas que estavam no mesmo avião.

O repórter, acostumado a perguntar, não soube responder. E ela pediu para lhe dar um abraço em nome da imprensa.

A cena comovente fez com que outros repórteres fizessem fila para abraçar dona Ilaídes Padilha, 55. Ela parecia incansável. E, um ano depois da tragédia, continua no mesmo ritmo. Criou um blog, um grupo de apoio e um canal de YouTube, em que dá conselhos sobre luto e sobre como abordar uma mãe ou uma pessoa enlutada.

As regras são simples: falar pouco, abraçar muito e ouvir mais.

Veja este vídeo no YouTube

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Em seu canal no YouTube, ela usa o nome Laíde Padilha.

Há dois meses, ela deixou o emprego no setor de cobranças de uma rádio em Cianorte (PR), onde ainda mora, para se dedicar ao que se tornou o trabalho de sua vida. Ela e o marido vivem da aposentadoria dele e do aluguel de casas.

Em casa, construiu um quarto para Danilo, uma espécie de santuário com suas camisas de times, títulos e troféus conquistado desde a infância.

Para dona Ilaídes, a pior parte do luto de uma mãe é quando as pessoas não querem mais ouvir as histórias que elas têm para contar dos filhos.

Dona Ilaídes passou a assinar Laíde Padilha nas redes sociais, onde mantém páginas no Facebook e um projeto de apoio chamado Mães e Anjos. "A ideia no início era um grupo para mães que perderam os filhos, mas muitos filhos me procuraram porque perderam suas mães. A partir de janeiro vamos transformar esse grupo em algo mais sólido."

MÁGOAS COM TEMER

Na época do acidente, dona Ilaídes fez um desabafo contra o presidente Michel Temer. Ela achava que as famílias estavam sendo tratadas com descaso, tendo de esperar pela decisão do presidente de participar ou não do velório em Chapecó (SC). "Eu não gostaria de abraçar ele, não", disse ao BuzzFeed News na ocasião.

Dona Ilaídes Pacheco, mãe do goleiro Danilo, comoveu o país ao abraçar jornalistas e torcedores. Mas disse que não… https://t.co/TxofPIjRYS

Agora, ela contou ao BuzzFeed News que a medalha levou quase um ano para chegar às mãos das famílias. "Você viu que dia que recebeu a medalha? Sábado passado [11 de novembro de 2017]. Um ano depois quase. Você viu, né, que palhaçada? Mandaram a medalha, uma cruz e um diploma. Fizeram as pessoas irem lá em Chapecó para receber uma medalha, esperando, achei desnecessário."

As indenizações para as famílias das vítimas também são motivo de queixa das famílias. No caso de Danilo, quem deve receber são a viúva do jogador e o filho pequeno. Segundo dona Ilaídes, o dinheiro não veio.

"Na questão das indenizações, pelo que me que consta, a Letícia [viúva de Danilo] só recebeu o acerto sobre 40% do salário. Danilo tinha dois anos de contrato e não querem pagar esse dinheiro. As famílias entraram na Justiça."

A Chapecoense apresentou ao BuzzFeed News planilhas com doações e recursos obtidos em jogos com recursos destinados às 64 famílias de vítimas brasileiras do acidente da ordem de R$ 58 mil para cada família.

O clube afirmou ainda que pagou as famílias das vítimas que possuíam vínculo contratual com o clube: indenizações, rescisões, premiações e seguros. Já a indenização por parte da seguradora Bisa, contratada pela companhia aérea LaMia, responsável pelo voo, não saiu e está em processo judicial.

A Chapecoense disse que responde a 15 ações trabalhistas e outras cinco na área cível de famílias que se sentiram lesadas com os acertos. "A Chapecoense fez o que estava em seu alcance. Não podemos confundir o clube com a LaMia, que foi a causadora do acidente", disse o assessor jurídico do clube, Thiago Degasperin.


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