Candidato derrotado do PT à Presidência, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad assinou o pedido de impeachment do presidente Jair Bolsonaro protocolado nesta quinta-feira (21) na Câmara dos Deputados.
Manuela D'Ávila (PC do B), que foi sua candidata a vice, e Guilherme Boulos (PSOL), também derrotado, assinaram o documento.
O pedido de impeachment tem 146 assinaturas, entre advogados, líderes de movimentos sociais, dirigentes e parlamentares de partidos como PT, PSOL e PC do B. O primeiro a assinar a lista é o advogado Celso Antonio Bandeira de Mello, um dos autores do impeachment do hoje senador Fernando Collor de Mello, em 1992.
Os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, do PT, não assinaram o pedido de impeachment de Bolsonaro, mas o advogado José Eduardo Martins Cardozo, ex-ministro da Justiça de Dilma, assinou.
Com 105 páginas, o documento argumenta que Bolsonaro prestou "apoio ostensivo e participação direta em manifestações de índole antidemocrática e afrontosas à Constituição, em que foram defendidas gravíssimas transgressões institucionais, tais como o fechamento do Congresso Nacional e do Supremo
Tribunal Federal, além da reedição do Ato Institucional nº 5, instrumento de exceção emblemático da ditadura militar instaurada em 1964".
Trata também de "grave violação praticada pelo Presidente da República ao princípio republicano e ao mandamento constitucional da impessoalidade no exercício da administração pública, mediante a utilização de poderes inerentes ao cargo com o propósito reconhecido de concretizar a espúria obtenção de interesses de natureza pessoal, objetivando o resguardo de integrantes de sua família ante investigações policiais", citando o episódio da suposta interferência de Bolsonaro na Polícia Federal.
As declarações e ações do presidente sobre o coronavírus são outro item do pedido de impeachment. Nesse trecho, os signatários fazem longo relato sobre a situação do Brasil no enfrentamento da pandemia e suas iniciativas em desacordo com as orientações da Organização Mundial de Saúde.
A assinatura de Haddad no documento aparece depois de 53 advogados, inaugurando a lista de líderes políticos do documento.
Este não é o primeiro pedido de impeachment de Bolsonaro protocolado na Câmara. Alguns deles já foram rejeitados pelo presidente da Casa, o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ). Até o mês passado, segundo levantamento do Poder 360, já havia 28 pedidos de impeachment na Mesa Diretora da Câmara.