O candidato do PT à Presidência, Fernando Haddad, chamou de "fome de dinheiro" a aliança entre o candidato Jair Bolsonaro (PSL), líder nas pesquisas de intenção de voto, com o líder da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) e dono da Record, Edir Macedo. Haddad disse, nesta sexta-feira (12), que Bolsonaro conta com o "fundamentalismo charlatão" de Edir Macedo.
"Sabe o que é o Bolsonaro? Ele é o casamento do neoliberalismo desalmado, representado pelo Paulo Guedes, um neoliberalismo desalmado que corta direitos trabalhistas e sociais, com o fundamentalismo charlatão do Edir Macedo. Isso que é o Bolsonaro", disse Haddad.
O petista emendou:
"Sabe o que está por trás dessa aliança? Em latim chama 'auri sacra fames': fome de dinheiro. Só pensam em dinheiro. É isso."
Haddad associou o adversário ao nazismo ao comentar os casos de agressão de eleitores. "Já são mais de cem as notificações de caso de violência no país. Em geral eles estão usando a suástica nazista. Aliás, o próprio Bolsonaro declarou já em entrevista que, se estivesse na Alemanha dos anos 30, se alistaria no exército nazista", disse.
O petista, que tem sido aconselhado a subir o tom nos ataques ao adversário, disse ainda que "Bolsonaro é violência, Bolsonaro é bala, Bolsonaro é desrespeito".
"Ele é a representação de tudo que tem de pior em termos de violência no país."
Ele comentou sobre um eleitor com camiseta de Bolsonaro que ontem, em Brasília, perseguiu sua comitiva com uma picape 4x4, e, antes, gritou frases de ataque à Igreja Católica na porta do encontro do petista com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Haddad disse que o eleitor exaltado está sendo monitorado pela Polícia Federal e disse considerar as críticas à CNBB preocupantes. "Agora, depois de atacar mulheres, LGBTs, depois de atacar negros, passem a atacar católicos."
Haddad deu as declarações em um espaço da paróquia Santos Mártires, do Jardim Ângela, extremo da zona sul de São Paulo. Antes, participou da missa de comemoração do dia de Nossa Senhora Aparecida, onde foi elogiado pelo padre Jaime Crowe, histórico defensor de direitos humanos na periferia.
Questionado sobre o "kit gay", o candidato chamou Bolsonaro de "grandessíssimo mentiroso" e voltou a perguntar por que o capitão reformado não participa de debates. "É uma mentira deslavada de quem não tem projeto. Ele não tem projeto para o país a não ser armar as pessoas para que elas se matem."
Na missa, o padre Jaime não citou o nome de Bolsonaro, mas falou que "arma é o instrumento da morte" e que "o cristão tem de ser da vida". Haddad participou da missa ao lado da mulher, Ana Estela, e de sua candidata a vice, Manuela D'Ávila (PC do B), que foi vítima de fake news com a montagem de uma foto sua usando uma camiseta em que se lia "Jesus é travesti".
Os três comungaram e fizeram as orações. O padre Jaime chegou a citar o aniversário de 30 anos de casamento de Haddad com Ana Estela. Antes de falar aos eleitores na porta da igreja, Haddad foi abordado por uma eleitora de Bolsonaro, que não quis se identificar. Ela disse estar indignada com a presença de "um abortista" na igreja.