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E o DEM de Araraquara quer expulsar o acusado de hackear Moro

Presidente municipal reclama de quem associa Walter Delgatti Neto ao DEM: "Querem derrubar o Rodrigo Garcia, o Alcolumbre? Falar que o Centrão está envolvido, sendo que esse filiado não tem a menor significância?”

O DEM de Araraquara (SP) quer expulsar o filiado Walter Delgatti Neto, que foi preso nesta terça-feira (23) sob suspeita de ter invadido o celular e a conta de Telegram do ministro da Justiça, Sergio Moro, e de outras autoridades. Conhecido como Vermelho, Delgatti é filiado ao DEM desde 22 de junho de 2007.

Segundo o administrador de empresas Leandro Cortez, presidente do DEM em Araraquara, foi instaurado um procedimento na comissão de ética local e o processo de expulsão deve ser ocorrer nos próximos dias.

“A gente tomou um susto até porque ninguém que está no partido hoje o conhecia”, disse Cortez.

Apesar da filiação, Delgatti nunca concorreu em eleições na cidade. Cortez disse ainda que Delgatti também não fazia parte de comissões executivas do DEM, não participava de reuniões nem trabalhou em nenhum mandato ou órgão público administrado pela sigla.

A decisão da expulsão deve ser confirmado pelo comando estadual do DEM, presidido pelo vice-governador do estado, Rodrigo Garcia.

“Não entendo qual a dimensão que estão querendo dar ao fato de ele ser um mero filiado. O que querem fazer? Derrubar o Rodrigo Maia [presidente da Câmara e do DEM nacional]? Derrubar o [Davi] Alcolumbre [presidente do Senado]? Falar que o Centrão está envolvido, sendo que esse filiado não tem a menor significância?”, afirmou Cortez ao BuzzFeed News, por telefone, nesta quarta-feira (24).

O que vale a pena saber até agora no caso dos hackers:

  • Walter Delgatti Neto, 30, Danilo Cristiano Marques, 33, Gustavo Henrique Elias Santos (o DJ Guto Dubra), 28, e Suelen Priscila de Oliveira, 25, foram presos ontem pela Polícia Federal e levados para Brasília, onde devem permanecer detidos por pelo menos cinco dias (prisão temporária).
  • Eles são suspeitos de ter invadido o celular do ministro da Justiça, Sergio Moro, de um desembargador, um juiz federal e mais dois delegados federais.
  • Na decisão da prisão dos quatro suspeitos, o juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal do Distrito Federal, autorizou a quebra dos sigilos telemáticos (de contas de email) e bancário deles. A intenção é analisar a movimentação financeira dos suspeitos entre o dia 1º de janeiro até o dia 17 e julho deste ano.
  • De acordo com as investigações, o esquema de invasão do Telegram das autoridades se deu assim: o invasor teve acesso ao código de verificação enviado pelo aplicativo para o usuário para sincronização do Telegram Web.
  • "O Telegram permite que o usuário solicite o código de acesso via ligação telefônica com posterior envio de chamada de voz contendo o código para ativação do serviço web, cuja mensagem fica gravada na caixa postal das vítimas. O invasor então realiza diversas ligações para o número alvo, a fim de que a linha fique ocupada, e a ligação contendo o código de ativação do serviço é direcionada para a caixa postal da vítima", afirmou o juiz no documento.
  • Com base em Araraquara, os suspeitos mantêm ligação próxima entre si. Gustavo Elias, que é DJ, namora Suellen Oliveira. Gustavo Elias é amigo de Delgatti Neto. Danilo Marques também seria amigo de Delgatti.
  • Walter Delgatti Neto já foi acusado por crimes contra o patrimônio. É réu condenado em processos como furto e uso ilegal de cartões de crédito de terceiros. Também teria usado uma carteira falsa de estudante de Medicina da USP ao comercializar medicamentos de forma ilegal. Ele foi acusado de estelionato. Nunca cumpriu pena de prisão em regime fechado, embora tenha sido preso mais de uma vez.
  • O advogado do casal Gustavo Elias e Suellen Oliveira, Ariovaldo Moreira, afirmou que os dois alegaram inocência, embora Gustavo tenha confirmado, segundo o advogado, que viu no celular de Delgatti mensagens que seriam de autoridades.
  • A Polícia Federal registrou uma movimentação financeira atípica na conta bancária do DJ Gustavo. Entre 18 de abril e 29 de junho do ano passado, ele movimentou R$ 424 mil. Já sua namorada movimentou R$ 203 mil este ano, entre 7 de março e 29 de maio. A renda mensal afirmada por eles é de menos de R$ 3 mil mensais cada um.
  • Na casa do DJ também foi encontrado o montante de R$ 100 mil em dinheiro vivo. O advogado do suspeito afirmou que ele terá como provar a legalidade desse dinheiro.
  • A Justiça Federal determinou que sejam bloqueados os saldos acima de R$ 1 mil das contas bancárias de todos os suspeitos.
  • Há uma conta no Twitter atribuída a Delgatti. A conta @waltergrandsonn foi aberta em 2010, mas ficou oito anos inativa. Depois de um post em 4 de agosto de 2011, a conta foi reativada no dia 27 de maio passado. A partir daí, suas postagens são críticas aos investigadores e ao ex-juiz da Lava Jato e ao governo Bolsonaro.


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