A presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), afirmou nesta quinta-feira (20) que o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, sofreu uma "pressão consistente" para suspender a liminar concedida pelo ministro Marco Aurélio Mello que libertava os presos condenados em segunda instância, o que inclui o petista.
"Confiávamos que o Lula realmente fosse libertado ontem", disse Gleisi em coletiva de imprensa em Curitiba. "O ministro Dias Toffoli sofreu uma pressão consistente desde o início. Me surpreendeu a posição dele. Esperávamos obviamente que ele tivesse uma posição de garantia da liminar que foi dada pelo colega e da Constituição. Agora, ele sofreu uma pressão muito grande", afirmou ela.
Ao saber da liminar de Marco Aurélio, Gleisi juntou alguns deputados do PT em uma caravana para Curitiba. A ideia que divulgaram era que iriam recepcionar Lula em sua saída da prisão, na Superintendência da Polícia Federal, onde há uma vigília de militantes desde o primeiro dia da detenção, em 7 de abril.
A petista, no entanto, contou que os advogados de Lula afirmaram que o ex-presidente estava cético quanto a uma libertação. Ele teria dito que sua soltura não seria uma "decisão simples".
Gleisi se disse surpresa com a decisão de Toffoli porque o ministro, em outras ocasiões, já havia se mostrado contra a prisão de condenados em segunda instância cujos processos não tenham transitado em julgado.
Ataque à Lava Jato
O líder do PT na Câmara, deputado Paulo Pimenta (RS), é quem fez as críticas mais contundentes quanto ao desfecho dado ontem pelo STF. Ele acusou os procuradores da Lava Jato de tentar criar um clima de medo entre os brasileiros por causa de uma libertação em massa de presos.
"Os procuradores federais ontem mentiram, mentiram para criar um clima de pânico no país, sustentando uma tese de que estupradores, assassinos, bandidos de toda ordem seriam colocados em liberdade. Isso é mentira", disse o deputado, afirmando que a decisão de Marco Aurélio tinha ressalvas que impediam "que essas pessoas que oferecem risco à sociedade, que foram condenadas por crimes violentos, fossem abarcadas pela medida".
Pimenta criticou também as delações que marcaram os processos da Lava Jato.
"Neste momento, existem 180 criminosos, réus confessos, que roubaram milhões de reais dos cofres públicos, soltos, chamados delatores, que saíram do processo mais ricos do que entraram, boa parte deles fazendo delações sem provas. Isso sim é impunidade", disse o deputado.