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Grupo de cientistas brasileiros já recebeu 60.000 denúncias de notícias falsas sobre coronavírus

Segundo pesquisadores da Unicamp e UFMG, uso de bots é comum nas fake news com interesses políticos claros, como atacar as medidas de isolamento decretadas por governadores e prefeitos.

Caixões cheios de pedras, remédios milagrosos (que incluem água quente), falsos depoimentos de médicos que trataram da Covid-19 em outros países. Uma enxurrada de fake news tem inundado as redes sociais, muitas vezes com a ajuda de robôs. Este é o cenário desenhado pelos cientistas brasileiros que fazem parte do Grupo de Estudos de Desinformação de Redes Sociais, formado por pesquisadores da Unicamp e da UFMG, entre outros.

O grupo criou uma hotline de WhatsApp em meados de março e, depois de dois meses, já chegou a 60 mil denúncias. Até as 17h desta segunda-feira (11), 10.182 pessoas haviam entrado em contato com os pesquisadores para denunciar as notícias falsas, que estão sendo organizadas em um banco de dados e serão analisadas com a ajuda de inteligência artificial.

Há quase dois meses em quarentena, a tendência das notícias falsas é de minimizar a gravidade da pandemia, criando um clima para que o isolamento social seja criticado e abandonado nas diversas regiões do país. A avaliação é do físico Leandro Tessler, do Instituto de Física da Unicamp.

"O que nos surpreendeu é que o universo de desinformação é muito maior do que se pensava. As fake news têm diferentes naturezas e diferentes intenções. A tendência atual são as narrativas mal intencionadas que querem justificar a saída do isolamento", disse o pesquisador, em entrevista ao BuzzFeed News.

Segundo Tessler, chama a atenção que as fake news são articuladas internacionalmente. A primeira mais conhecida sobre a pandemia trazia uma tradução de material americano sobre uma suposta médica de Wuhan, na China, e apresentava teorias do espalhamento do vírus.

"Nosso trabalho será classificar as fake news que circulam e buscar sua origem. Existem as fake news 'do bem', aquelas que querem deixar as pessoas preparadas contra o vírus, com dicas equivocadas, e tem pessoas que claramente têm uma linha política a seguir e querem minimizar a gravidade da epidemia", afirma o pesquisador.

O uso de bot ou robôs é identificado, segundo ele, nas fake news com interesses políticos claros, como atacar a quarentena e as medidas de isolamento social decretadas por governadores e prefeitos.

Na noite de domingo, houve disparos em massa de "notícias" sobre a cloroquina, cujo efeito não só não foi confirmado como tem sido contestado no meio científico.

"Tem algumas mensagens que são muito simplórias. Há as ingênuas, com dicas como consumir água mais alcalina para 'matar' o vírus, e tem verdadeiras teorias da conspiração, de que tudo veio da China, de que se trata de fazer uma vacina para ganhar dinheiro", disse o físico.

O número para envio de denúncias de fake news para o Grupo de Estudos de Desinformação de Redes Sociais é 19-99327-8829.

Aqui, alguns exemplos de FAKE NEWS que estão sendo propagadas nas redes sociais e foram coletados pelo grupo de pesquisadores:

Conselhos "excelentes" de médicos japoneses: beber água a cada 15 minutos.

BOMBA: onde estão os mortos de Manaus?

E os respiradores artificiais (em falta no Brasil) que FAZEM MAL?


A falsa notícia atribuída a Fiocruz sobre água quente matar o vírus.

Esta minimiza a tragédia das mortes na Itália, citando supostos médicos do país:



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