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Este doutorando perdeu a bolsa e vai virar personal trainer para não largar pesquisa

Doutorando em medicina, Acácio Moreira usa ressonâncias magnéticas para investigar o efeito de exercícios físicos em pacientes com quadros graves de depressão. "Me deu vontade de chorar", disse, quando soube que o governo cortou sua bolsa.

Depois de estudar a relação dos exercícios físicos em tratamento de pacientes com mal de Parkinson, Acácio Moreira, de 23 anos, pulou da graduação em Educação Física direto para o doutorado em medicina no Instituto de Radiologia do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo.

Mas não deu tempo de comemorar a bolsa de R$ 2.200 que iria garantir sua dedicação exclusiva à pesquisa. O pesquisador recebeu um e-mail da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) informando que sua bolsa foi congelada no contingenciamento de verbas anunciado este mês pelo ministro Abraham Weintraub.

"Me deu vontade de chorar. Parece que as pessoas colocam a política na frente. É um cabo de guerra. Eu nunca ganhei ganhei nada. Na minha vida acadêmica eu coloquei tudo do meu bolso. Agora, pensei que pudesse me dedicar integralmente ao doutorado", disse ele ao BuzzFeed News.

A pesquisa de Acácio envolve 60 pacientes com depressão que se tratam em Unidades Básicas de Saúde (UBS). Seu foco é identificar se há co-relação entre rotinas de exercícios físicos e melhora terapêutica de pacientes que apresentam quadros considerados graves, com ideação suicida, por exemplo.

Uma das ferramentas de trabalho do cientista é o uso de ressonâncias magnéticas para analisar se há diferença na evolução em áreas do cérebro, como o hipocampo, em pacientes com diagnósticos similares e que são ou não submetidos a exercícios físicos como parte do tratamento.

Agora, Acácio está correndo atrás de alunos para dar aulas como personal trainer. A situação complica-se porque, muitas vezes, o laboratório exige até dez horas do dia de sua atenção.


"A pesquisa te pega o dia inteiro. A gente coleta, dá o treino, faz tudo. Lá fora, é uma pessoa para cada função. A gente aqui no Brasil é boa, acompanha todos os processos", disse ele.

"O sonho de todo mundo que é investigativo é fazer um mestrado, um doutorado. Receber aquele e-mail acabou comigo. Bateu uma sensação de arrependimento. É como um assassinato".

A pesquisa de Acácio faz parte de um projeto maior, que defende a aplicação de planos de rotinas de exercícios físicos para complementar o tratamento de pacientes pelas Unidades Básicas de Saúde. A coordenação do projeto é do professor Carlos Ugrinowitsch, do Departamento de Esporte da USP.

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