O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) afirmou nesta segunda-feira (4) que o aumento das mortes nas marginais Tietê e Pinheiros está ligado ao aumento da velocidade nas vias — primeira medida adotada pelo prefeito João Doria (PSDB) ao assumir o posto de Haddad na prefeitura, este ano.
A Folha de S. Paulo publicou ontem que, entre janeiro e outubro deste ano, 27 pessoas morreram em acidentes nas marginais, uma a mais que em todo o ano de 2016, quando o limite de velocidade era menor.
Nesta segunda, Haddad afirmou que "as mortes são a face mais dramática disso, mas há os efeitos secundários, como os acidentes não fatais e a piora do trânsito".
O petista disse ao BuzzFeed News que Doria deveria "se cercar de pessoas que tenham compromisso mais com a ciência do que com o marketing".
"'Acelera' não é um bom slogan para uma cidade hoje em dia. Talvez fosse 30, 40 anos atrás", disse Haddad.
O tema da velocidade nas marginais foi um dos mais fortes embates entre ele e Doria durante a campanha pela Prefeitura de São Paulo, no ano passado.
Para o petista, a mudança da velocidade nas vias feita por Doria "acabou virando um capricho da parte dele, mais do que um gesto de conhecimento, de sabedoria".
"Felizmente o debate gira hoje em torno só das marginais, porque ele [Doria] manteve a velocidade máxima de 50 km por hora em demais vias da cidade, o que de certa forma fez com que na cidade como um todo a tendência de queda de mortes se mantivesse", afirmou Haddad.
Questionado pela Folha sobre o aumento dos acidentes, o prefeito Doria disse, no domingo, que não é necessário rever o tema com um estudo do caso.
"[Os acidentes] foram por outras causas: uso de celular enquanto se dirigia, consumo de álcool. Ou seja, pessoas alcoolizadas e imprudência, absoluta imprudência", disse Doria à Folha. "Não é preciso nem estudar. Basta analisar as informações para se ter essa certeza", afirmou o prefeito.
Haddad lembrou de dois momentos em que voltou atrás em questões de mobilidade: um sobre a política para táxis em corredores de ônibus e outro em ciclovias no bairro de Higienópolis.
"É normal isso", disse ele.