As duas únicas escolas particulares de Brumadinho (MG) retomaram as aulas nesta segunda-feira. Na escola Cemma, que reúne 300 alunos do maternal ao ensino médio, 30 famílias foram diretamente atingidas pelo rompimento da barragem do Córrego do Feijão, da empresa Vale. São crianças que perderam pais, mães, tios, irmãos e avós.
Até agora, são 134 mortos e 199 desaparecidos com o rompimento da barragem, ocorrido no dia 25 de janeiro.
Uma das primeiras atividades propostas pelos professores foi que as crianças fizessem desenhos.
"Tem desenho de volta às aulas, feitos por crianças que não foram tão atingidas, desenhos de paisagens, e tem desenho de urna, de caixão", contou a diretora pedagógica da escola, Neiva Passos.
Antes de iniciar o ano letivo, os professores passaram por aconselhamento de um psiquiatra, na sexta-feira, para que ajudassem na recepção das crianças, disse Neiva Passos.
Na rede pública, o início das aulas foi adiado para a semana que vem.
"A gente está vivendo momentos de muita tristeza. A cidade está toda triste. Foi um retorno escolar muito atípico. Fizemos uma oração com os alunos, uma reflexão sobre o que aconteceu", afirmou a diretora.
A decisão de retomar as aulas na data marcada foi, segundo ela, uma questão de solidariedade. "As crianças estão em casa, acompanhando esse drama todo, o tempo todo, e estão ficando muito sensibilizadas".
"Hoje, os alunos se abraçaram, conversaram, uns mais emocionados, choraram. Hoje recebemos os alunos, amparamos, confortamos. Mas temos seguido um lema aqui: vamos viver um dia de cada vez", disse a diretora.
"Está todo mundo com o coração muito triste. Só no maternalzinho, de alunos de dois anos de idade, eu tenho uma criança que perdeu o pai e outra que perdeu a mãe", lamentou.