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Com a pandemia, 54% dos usuários de internet querem rever quais influencers continuarão a seguir

"Eles se construíram baseados na ostentação de um privilégio", diz coordenador de pesquisa. "O que conectava as pessoas a esses influencers agora é o que os separa."

Com a pandemia do coronavírus, os brasileiros têm preferido frequentar o "grupo da família no zap" aos perfis dos influenciadores digitais. Uma pesquisa do grupo Consumoteca com 2 mil pessoas, concluída esta semana, mostra que 57% dos usuários de internet preferem o conteúdo de amigos e parentes ao dos influenciadores nas redes sociais. E 54% opinaram que, com o isolamento social, passaram a rever quais influenciadores querem continuar a seguir.

Os homens são os mais críticos em relação ao conteúdo apresentado pelos influenciadores; 51% opinaram que esses conteúdos são em maioria anúncios publicitários (o índice, entre mulheres, é de 37%). Mas são as mulheres que têm tomado a iniciativa de rever os nomes que seguem nas redes sociais: 60%, contra 48% dos homens.

Entre as gerações, a mais crítica aos digital influencers é a Z (nascidos a partir de 1995): 65% estão revendo suas preferências.

"Os influencers estão perdendo espaço para a família do zap, sim", afirma o antropólogo Michel Alcoforado, coordenador da pesquisa. "Eles se construíram baseados na ostentação de um privilégio, seja para mostrar aquilo que sabe, aquilo que faz ou aquilo que vive. Em tempos de pandemia, o que conectava as pessoas a esses influencers agora é o que os separa."

Os influenciadores mais atingidos são, segundo Alcoforado, os blogueiros de lifestyle. "Eles têm um estilo de vida que mais nos afasta deles. As pessoas não querem ver como eles estão se virando [na quarentena] em suas casas maravilhosas. Os itens que eles carregam também não têm mais diferença. Para que uma bolsa Louis Vuitton para ficar em casa?"

Para o antropólogo, as pessoas estão buscando nas redes sociais quem é mais parecido com elas, como amigos e parentes. "Queremos ver como gente como a gente está conseguindo se diferenciar no meio da pandemia".

O pesquisador aponta que a pandemia da Covid-19 é mais que uma fase para os digital influencers. A partir desse período de quarentena, os influenciadores terão de rever suas marcas. "Acredito que vão acabar esses blogueiros de 12 milhões de seguidores. Os blogueiros terão de rever suas bases."

O mesmo vale, segundo ele, para o que é ostentado por eles. "Esse é um tipo de privilégio que não tem mais importância. A gente deixa de ostentar produtos e lifestyle e passa a ostentar vibe."

Um caso citado pelo antropólogo é o da blogueira Gabriela Pugliesi, que suspendeu sua conta de mais de 4,4 milhões de seguidores no Instagram depois de postar stories de uma festa que fez em sua casa durante a pandemia. Antes de suspender a conta, ela perdeu mais de 150 mil seguidores e teve contratos com anunciantes suspensos.

"Eu digo que é preciso ter empatia com os influencers porque o mundo que os inventou acabou e eles estão tendo de se reinventar sem book, sem regras", diz Alcoforado. Para ele, os influencers não sabem como agir diante da pandemia.

Alcoforado cita duas exceções brasileiras. A cantora Ivete Sangalo, que fez uma live usando pijamas em casa e mostrando um cenário sem grande ostentação, embora viva em um apartamento de alto luxo. O outro influencer é o artista Alok, que na semana passada fez um show de luzes ao transmitir sua live de uma cobertura em São Paulo.

O antropólogo explica que Alok mistura as plataformas online, projetando-se em animação em redes de jogos, além do YouTube, Twitter e Instagram. "Alok brinca com a desmaterialização e consegue um destaque muito grande. Ele brinca com ser transmídia. Ele está ostentando uma capacidade que estamos almejando: como existir através de plataformas digitais".

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