O Brasil registrou no ano passado 45.460 ocorrências de estupro e 24% desses casos ocorreram nas capitais. Os dados são do Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Estas são as cinco capitais com maior incidência de estupros em relação ao número de habitantes:
1. Rio Branco (AC)
Incidência: 85,5 casos de estupro a cada 100 mil habitantes.
População: 377 mil
Casos notificados: 317.
A capital do Acre teve crescimento de 19,7% no número de casos.
2. Cuiabá (MT)
Casos: 66,3 casos de estupro a cada 100 mil habitantes.
População: 585 mil.
Casos notificados: 385.
Na capital de Mato Grosso, houve um salto nas notificações de 33,9%.
3. Porto Velho (RO)
Incidência: 66,2 a cada 100 mil habitantes.
População: 511 mil.
Casos notificados: 333.
Porto Velho (RO), líder do ranking em 2014, teve uma queda de 15,7% no registro de ocorrências (de 388 para 333).
4. Campo Grande (MS)
Incidência: 50,1 casos de estupro a cada 100 mil habitantes.
População: 863 mil.
Casos notificados: 428.
Na capital de Mato Grosso do Sul, houve um crescimento de 16,5%.
5. Boa Vista (RR)
Incidência: 44,6 casos de estupro a cada 100 mil habitantes.
População: 326 mil.
Casos notificados: 143.
Houve decréscimo das notificações de estupros de 31% na capital de Roraima.
Para especialistas, incidência de estupro pode ser muito maior porque este tipo de crime é subnotificado no Brasil.
Esse número de 45.460 ocorrências de estupro com base em dados policiais, no entanto, pode não refletir inteiramente a realidade porque o estupro é um tipo de crime subnotificado. Dados internacionais apontam que apenas 35% dos estupros chegam a ser denunciados. No Brasil, esse percentual cai para menos de 10%.
Para se ter uma ideia, a Pesquisa Nacional de Vitimização do Ministério da Justiça apontou, em 2012, que apenas 7,5% das vítimas registravam a ocorrência. A Radiografia dos Estupros no Brasil, feita pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) com base em dados da Saúde, apontou que 527 mil casos de estupro e tentativa de estupro ocorrem no país anualmente.
"A subnotificação é brutal', afirma Samira Bueno, diretora-executiva do FBSP.
"O atendimento às vítimas é muito precário, como se pode ver com o caso do estupro coletivo de uma adolescente no Rio", disse ela.
Samira explicou ao BuzzFeed Brasil que a diminuição de 10% entre os números de casos registrados em 2015 e 2014 pode refletir essa precarização, por exemplo, e não uma diminuição da violência sexual.
"Porto Alegre, para mim, é preocupante porque mostrou uma queda de 48% no número de casos em relação ao ano anterior (de 371 para 192 casos). Nenhuma taxa de criminalidade cai pela metade em um ano. Isso é precarização do serviço oferecido pelo poder público", disse ela.
Em números totais, São Paulo guarda o primeiro lugar, com 2.087 casos (205 a menos que em 2014), numa média de 17,4 ocorrências a cada 100 mil habitantes. Rio de Janeiro é o segundo, com 1.474 ocorrências (7,7% menos que em 2014), numa média de 22,8 casos a cada 100 mil habitantes.