Parece que o governo brasileiro mudou de opinião a respeito da qualidade dos dados produzidos pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) sobre as queimadas na Amazônia.
Em agosto, quando teve o pico dos focos de incêndio, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) disse que os dados eram "mentirosos" e destituiu o então presidente do órgão, o cientista Ricardo Galvão. "A Amazônia é um potencial incalculável. Por isso, alguns maus brasileiros ousam fazer campanha com números mentirosos contra a nossa Amazônia", disse o presidente na época.
Agora, os bolsonaristas recortaram os dados de setembro do próprio Inpe, que apontam redução do fogo na comparação com o mesmo mês de outros anos, para criar uma versão favorável ao governo. Os números do acumulado do ano, no entanto, mostram o crescimento das queimadas na região amazônica.
Mas, mas, mas.... o que grande parte da #mídialixo não vai te dizer:
"O que grande parte da #mídialixo não vai te dizer", escreveu o filho do presidente Carlos Bolsonaro no Twitter, mostrando um gráfico baseado no Inpe em que os focos de fogo em setembro são de 19.925, menor número para esse mesmo mês desde 2013.
O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, também comemorou na rede social, recortando apenas os dados do mês de setembro.
Menor número de queimadas para o mês de setembro desde 2013.
No entanto, os números do Inpe mostram uma outra realidade se analisado o acumulado do ano. De janeiro a 2 de outubro, o número de incêndios na Amazônia é de 97.524, 48% maior que no mesmo período ano passado. É o segundo maior número para o período desde 2013, sendo que o primeiro foi em 2017, com 106.466 incêndios.
O ponto alto da chamada estação do fogo, por enquanto, foi julho e agosto. O período de queimadas, de acordo com especialistas em Amazônia, ainda se estende até novembro.
