O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), atacou duramente nesta sexta (27) a campanha da Presidência da República contra a quarentena para evitar a propagação do coronavírus. Em campanha de TV e internet, que custou R$ 4,8 milhões, o governo federal diz que "o Brasil não pode parar".
Em entrevista para anunciar o funcionamento dos hospitais de campanha para tratar doentes de Covid-19, Doria afirmou: "O Brasil pode parar. Pode parar para lamentar a irresponsabilidade de alguns e chorar a morte de muitos", disse.
"O Brasil precisa discutir quem será o fiador das mortes no Brasil", disse Doria, sem citar o nome do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
O governador continuou, preservando sua relação com o Ministério da Saúde, ao qual faz reiterados elogios: "Afinal, temos um governo federal ou dois governos? O que acerta na política pública no seu Ministério da Saúde e outro que prega exatamente o contrário. Qual dos dois governa o Brasil?"
Doria não disse que tomará medidas duras contra quem quebrar a quarentena inspirado pelo governo Bolsonaro, mas disse apelar para o bom senso das pessoas. "Não importa se você ama o Bolsonaro", disse o governador, que completou: "O que você não pode é transformar isso num desrespeito à lei e à vida".
Ameaças
Depois de registrar ontem à noite um boletim de ocorrência por ameaças recebidas pelo celular, Doria afirmou na entrevista que ontem foi vítima de uma série de xingamentos, ofensas e ameaças em seu WhatsApp e que decidiu chamar a polícia quando ameaçaram invadir sua casa.
Ele disse que a campanha de ofensas por WhatsApp foi feita por robôs e pessoas incentivadas pelo "gabinete do ódio" do Planalto. O chamado gabinete do ódio reúne assessores próximos do presidente Bolsonaro, com discurso mais radical, e Carlos Bolsonaro, vereador no Rio e filho do presidente.
"Não tenho medo de bolsominions. Não tenho medo de 01, de 02, de 03, de 04. Não tenho medo de Bolsonaro”, disse ele, citando os apelidos dados pelo presidente aos próprios filhos.