O deputado estadual Rodrigo Moraes (DEM) apresentou esta semana um projeto de lei para que as escolas de São Paulo distribuam a Bíblia para os estudantes. Para ele, "o Estado é laico, mas não é ateu".
Ele é missionário da Igreja Mundial do Poder de Deus, do missionário Valdemiro Santiago, e está em seu segundo mandato. Ele é filho do deputado federal Missionário José Olímpio. Os dois dizem acreditar que o fim dos tempos está próximo.
O BuzzFeed Brasil conversou com o deputado Moraes para saber por que ele quer que as escolas distribuam a Bíblia. "A gente precisa retomar condutas antigas. Os alunos não aceitam orientação dos professores. São filhos contra pais e professores", disse o deputado, que, como missionário faz pregações em igrejas e eventos.
"O que me motiva a fazer o projeto é andar na rua e ver nossa juventude nas drogas e na criminalidade. Através da Bíblia podemos mudar isso. O evangelho diz que tem de respeitar pai e mãe e amar o próximo", se explica o deputado.
De acordo com o projeto de lei, as escolas de ensino fundamental e médio ficariam obrigadas a distribuir o Novo Testamento para os alunos. O deputado afirma que não haveria custos porque os livros viriam de entidades religiosas.
"Só vai receber a Bíblia quem quiser. O Estado tem de fazer um levantamento sobre quem está interessado em receber e isso será custeado por entidades e igrejas. O governo não vai custear os livros", explicou Moraes.
Rodrigo Moraes citou como exemplo o trabalho de evangelização em presídios e disse que estaria aberto a incluir outros livros de outras religiões, como de matrizes africanas.
"Eu só conheço a Bíblia. Mas estou aberto a ver os outros livros desde que sejam de mensagens de paz". Questionado sobre mensagens que não são tão pacíficas da Bíblia, que tem trechos como "olho por olho", ele respondeu: "Mas a lei é só para o Novo Testamento, de Cristo, o velho, não. A Bíblia não vai fazer nada de mau para as pessoas".
Proibir implantação chips em seres humanos porque o "fim dos tempos" está próximo, diz projeto de lei do pai do deputado.
Rodrigo Moraes torce pelo sucesso do projeto de lei apresentado pelo pai, o deputado Missionário José Olímpio (DEM-SP), na Câmara dos Deputados. Pelo projeto, o governo tem de se antecipar aos fins dos tempos e proibir que pessoas tenham chips implantados em seus corpos porque esta seria a "marca da besta".
O projeto de lei foi apresentado em 2014 e diz combater uma "nova ordem satânica". Diz o texto do projeto: "Tendo em conta que o fim dos tempos se aproxima, é preciso que o Parlamento brasileiro se antecipe aos futuros acontecimentos e resguarde, desde logo, a liberdade constitucional de locomoção dos cidadãos". E conclui que "o povo brasileiro não se deve iludir com tais
artifícios, que escondem uma verdade nua e cruel: há um grupo de pessoas que
busca monitorar e rastrear cada passo de cada ser humano, a fim de que uma
satânica Nova Ordem Mundial seja implantada".
Moraes concorda com a tese do pai e diz acreditar que o "fim dos tempos" se aproxima. Mas não antes de 2018, quando tentará a reeleição.