Após ser flagrado em um jogo da Superliga feminina de vôlei chamando de "homem" a jogadora transexual Tiffany, do Sesi/Bauru, o técnico do Sesc/RJ, Bernardinho, pediu desculpas para a jogadora, de forma privada e pelo Instagram.
O perfil Angels Volley Brazil, de ativismo LGBTQ no esporte, divulgou a cena do jogo da noite de terça-feira (26), quando o time de Bernardinho, derrotado, foi desclassificado na Superliga pela equipe de Tiffany.
"Foi triste ouvir da boca de um técnico referência mundial, bicampeão olímpico, recordista em prêmios de Superliga que ela era um homem! 'Um homem! É foda!' Transfóbicos e homofóbicos não vão passar sem serem apontados na nossa página! Pode ser o papa do vôlei... Vamos desmascarar todos!", diz trecho da postagem no Instagram, publicada horas depois do jogo.
Tiffany Abreu é a primeira atleta transexual a atuar no esporte profissional brasileiro. Ela já está na segunda temporada no Sesi/Bauru. Quando foi contratada pelo time, em dezembro de 2017, ela contou em entrevista ao BuzzFeed News como passou a infância sofrendo preconceito e por que decidiu fazer a transição, depois de ingressar no vôlei masculino na Europa.
A jogadora contou hoje (27) que recebeu um email de Bernardinho, no qual ele se desculpou. Segundo a assessoria do Sesi/Bauru, a atleta disse que perdoou o técnico e que ficou "tudo bem entre eles".
"Peço desculpas a todos, não foi minha intenção de forma alguma ofendê-la. Me referia ao gesto técnico e ao controle que ela tem, comum aos jogadores do masculino e que a maior parte das jogadoras não tem", escreveu Bernardinho, na própria postagem do Angels Volley Brazil, hoje de manhã.
"A Tiffany dou meus parabéns pela grande atuação e conquista e a todos que se sentiram ofendidos reitero minhas desculpas pois jamais foi minha intenção", concluiu o técnico, dizendo também: "Sempre trabalhei e tentei ajudar com meu trabalho diversos jogadores e jogadoras sem qualquer tipo de preconceito".
O Sesi/Bauru derrotou o Sesc/RJ por 3 sets a 1 e tirou o time de Bernardinho, pela primeira vez depois de 14 anos, de uma semifinal.