De cada dez mulheres assassinadas no Brasil, sete são negras. Em uma década, a taxa de homicídios contra mulheres negras aumentou 12,4%, enquanto os assassinatos de mulheres não negras diminuiu 11,7%.
Segundo o Atlas da Violência 2020, lançado nesta quinta-feira (27), a taxa de mortalidade por homicídios em 2018 foi de de 2,8 mulheres não negras (brancas, indígenas e amarelas) por 100 mil habitantes. Em relação às negras, esse índice é quase o dobro: 5,2 por 100 mil.
Organizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e pelo Ipea (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas), o Atlas da Violência considera os dados mais recentes de saúde do país, que são de 2018.
Neste ano, foram mortas 4.519 mulheres: uma a cada duas horas. E 68% dessas vítimas eram negras. Cerca de 30,4% dessas mortes aconteceram na residência da vítima, o que aponta para feminicídio, de acordo com os pesquisadores responsáveis pelo Atlas.
As taxas de homicídio no Brasil têm caído, mas o fosso entre brancos e negros na violência tem se aprofundado cada vez mais. Para se ter uma ideia, mesmo numa vertente de queda, os homicídios de mulheres negras caíram menos do que de brancas em 2018.
"Que políticas públicas são essas que protegem as mulheres não negras e não protege as mulheres negras?", questiona uma das responsáveis pelo Atlas, a pesquisadora Samira Bueno.
Ao todo, 57.956 pessoas foram mortas no país em 2018. É uma redução de 12% em relação ao ano anterior. E 75,7% dessas mortes são de negros.
"Existe aumento da desigualdade racial. Um negro tem quase três vezes mais chance de ser assassinado em relação a uma pessoa branca", afirma o pesquisador Dennis Pacheco, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Para cada não negro assassinado no país, 2,7 negros foram mortos.