Jornais são forçados a retirar do ar reportagem sobre Marcela e Temer diz que não houve censura

    Atendendo a pedido de advogado do Palácio do Planalto, juiz ordenou a retirada de reportagens de Folha e O Globo sobre hacker que chantageou Marcela Temer.

    Nesta segunda, os jornais Folha de S.Paulo e O Globo retiraram do ar reportagens publicadas na sexta (10) sobre o hacker que chantageou a primeira-dama Marcela Temer, ameaçando jogar o nome do presidente "na lama".

    O antigo link da reportagem da Folha agora está assim:

    No link de O Globo aparece a mensagem de página não encontrada.

    Como o BuzzFeed mostrou na sexta-feira (10), após uma petição ajuizada pelo sub-chefe de assuntos jurídicos da Casa Civil, Gustavo do Vale Rocha, um juiz de Brasília ordenou a retirada do ar de de da matéria que tratava da chantagem sofrida por Marcela.

    A Folha anunciou que recorreu contra a decisão que se trata, nas palavras da advogada do jornal, de "censura inaceitável".

    Nesta segunda, poucas horas depois dos jornais retirarem os textos do ar, Temer foi indagado sobre a censura judicial às publicações e negou que ela tenha existido.

    “Não houve isso [censura]. Você sabe que não houve isso”, disse o presidente logo após fazer um pronunciamento sobre o afastamento de ministros que venham a ser denunciados pela Lava Jato.

    A decisão considera violação de intimidade a reprodução do conteúdo dos diálogos entre a primeira-dama e o homem que tentava extorqui-la para não jogar o nome do presidente Michel Temer “na lama”.

    Os diálogos ocorreram através do WhatsApp.

    Entenda o caso:

    O iPhone de Marcela Temer foi clonado por Silvonei de Jesus Souza em abril do ano passado. Num dos diálogos, Silvonei o hacker pede R$ 300 mil para não divulgar um áudio gravado por Marcela. Silvonei foi condenado a 5 anos e 11 meses de prisão.

    “Pois bem, como achei que esse vídeo [na verdade, um áudio] joga o nome de vosso marido na lama. Quando você disse que ele tem um marqueteiro que faz a parte baixo nível… pensei em ganhar algum com isso”, diz o chantagista pelo aplicativo de troca de mensagens.

    Para intimidar a primeira-dama, Silvonei escreveu ainda que tinha uma “lista” de repórteres que pagariam R$ 100 mil pela informação. “Se eu fosse do mal, teria passado [o áudio] para inimigos do seu marido. Mas há quanto tempo venho tentando contato com vocês?”, prosseguiu ele.

    O áudio seria parte de uma conversa entre Marcela e seu irmão, Karlo Augusto de Araújo, que, na época, era pré-candidato a vereador em Paulínia (SP).

    Em setembro, o BuzzFeed Brasil contou a história de que o hacker, na verdade, usara áudios gravados por Marcela, não fotos íntimas, como elemento de chantagem.

    Pessoa próxima de Silvonei contou ao BuzzFeed que, segundo ele, Marcela estaria aconselhando o irmão a contar com um aliado que fizesse a “parte baixo nível”, conforme Silvonei descreve no Whatsapp.

    A pessoa citada por ela seria o assessor do presidente Arlon Viana. O BuzzFeed Brasil não teve acesso ao áudio e ele não consta dos relatórios e autos vistos pela reportagem nesta sexta, em um relatório da Polícia Civil de São Paulo que está anexado aos autos da condenação de Silvonei.

    Silvonei, segundo sua defesa, chegou a ser transferido para Tremembé, no interior de São Paulo, sem que o defensor soubesse. A medida teria como objetivo mantê-lo afastado de holofotes.

    A chantagem contra a mulher de Michel Temer foi investigada por uma equipe de confiança do então secretário de Segurança Pública de São Paulo, Alexandre de Moraes.

    Dias depois do caso solucionado, que passou ao largo da Polícia Federal apesar do cargo de Temer, Moraes foi convidado para ser ministro da Justiça. Esta semana, Moraes foi indicado por Temer para suceder Teori Zavascki no Supremo Tribunal Federal.

    Veja mais:

    Juiz manda jornal tirar do ar reportagem sobre diálogo de WhatsApp entre Marcela Temer e chantagista

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