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É assim que Sergio Moro está usando as redes sociais para se blindar das tentativas de enfraquecê-lo

Spoiler: é a mesma estratégia do presidente Jair Bolsonaro, de quem Moro pode ser adversário nas eleições de 2022.

No último dia 23, o ministro da Justiça, Sergio Moro, anunciou sua chegada ao Instagram com um vídeo em que segurava um calendário – segundo ele, isso servia para "provar" que o perfil não era fake.

Moro já havia usado o calendário quando entrou no Twitter, em abril do ano passado, e virou meme no mesmo instante. Mas se engana quem acredita que exista alguma ingenuidade na estratégia do ministro no uso das redes sociais.

Manoel Fernandes, diretor da empresa de análise de dados Bites, disse ao BuzzFeed News que Sergio Moro está adotando o modelo usado pelo presidente Jair Bolsonaro nas redes sociais para criar uma espécie de blindagem das tentativas que partem do próprio presidente de enfraquecê-lo.

O foco da disputa está no que Fernandes chama de “opinião pública digital”.

Moro ainda está longe dos 33,4 milhões de seguidores que Bolsonaro acumula nas redes sociais, mas Fernandes aponta que a rede pró-Moro está crescendo muito e de forma aparentemente orgânica. No Twitter ele possui 2 milhões de seguidores e sua recém-inaugurada conta do Instagram já tem quase 900 mil inscritos.

Na avaliação de Fernandes, Moro está conseguindo criar uma rede de proteção virtual que lhe defende sempre que seu poder parece ameaçado – que também é como Bolsonaro faz seu primeiro enfrentamento de críticas e questionamentos.

A rede de apoio a Moro cresceu quando Jair Bolsonaro quis trocar diretores da Polícia Federal, foi ampliada quando a criação do juiz de garantias foi sancionada e entrou em maior ebulição na recente discussão sobre a possibilidade de desmembrar o Ministério da Justiça e tirar de Moro a área de segurança pública.

Para Fernandes, no universo digital há uma identificação do combate à criminalidade muito mais ligada a Moro do que a Bolsonaro.

“Moro usa mesma lógica de Bolsonaro para se blindar em redes sociais”, disse Fernandes. Mas, segundo o diretor do Bites, enquanto Bolsonaro é mais ativo, Moro é reativo. Ele deu como exemplo as últimas duas entrevistas do ministro, uma no Roda Viva (TV Cultura) outra no Pânico (Jovem Pan), ambas após Bolsonaro cogitar a divisão do ministério de Moro.

“Nas últimas semanas, ele está ocupando com mais frequência espaços na mídia clássica com o objetivo de gerar repercussão junto à opinião pública digital e lucrar com o aumento da sua presença nas redes sociais”, disse Fernandes.

“Isso deve incomodar o presidente, pois o total controle era dele [Bolsonaro] e agora ele divide a opinião digital”, completou.

Essa ‘rede morista’ na opinião pública digital se transformou num escudo para Moro. “Do modo mais duro, Bolsonaro descobriu que não se contrata quem não pode ser demitido”, afirmou Manoel Fernandes.

Em Brasília, nos corredores do Palácio do Planalto e nas conversas entre deputados e senadores é comum se falar sobre uma eventual intenção de Moro disputar com Jair Bolsonaro as próximas eleições presidenciais.

Devido a essa ameaça eleitoral a Bolsonaro, parte da classe política vê nos ataques do presidente ao poder de seu ministro uma tentativa de enfraquecer Moro para a disputa de 2022.

No entorno de Moro há quem defenda que ele deva pedir para sair da pasta, especialmente após a sanção presidencial à criação do juiz de garantias e das conversas sobre a divisão do Ministério da Justiça.

Outra corrente, no entanto, advoga para que, não importa o tamanho dos ataques de Bolsonaro a Moro, o ministro deve ficar no cargo e só sair de lá demitido.

Uma eventual expulsão de Moro do governo criaria automaticamente uma bandeira para Moro disputar as eleições presidências: a de que no governo Bolsonaro não foi possível lutar contra a corrupção.

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