O prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (PRB), pediu ao ministro do Turismo, Marx Beltrão (PMDB-AL), que ele consiga, "pelo amor de Deus", viabilizar a isenção de vistos para americanos que queiram passar o Carnaval no Brasil.
A isenção de visto para alguns países, que desde a Copa do Mundo faz parte da pauta do governo brasileiro, está agora nas mãos de Michel Temer.
Por um lado, o ministro Beltrão tenta manter indefinidamente a dispensa de visto para cidadãos dos Estados Unidos, Canadá, Japão e Austrália.
Tais países foram liberados para as Olimpíadas mas, findos os jogos, perderam o benefício.
De acordo com o ministro do Turismo, a dispensa incrementaria em aproximadamente 25% o fluxo de viajantes destes países. Dados de sua pasta mostram que atualmente cerca de 580 mil americanos visitam o Brasil a cada ano.
Com a dispensa, esse número poderia chegar à casa dos 775 mil.
Uma medida provisória para liberar o visto para estes quatro países já está pronta e só aguarda a assinatura — ou a rejeição — de Michel Temer.
A peça trata ainda de outro questão defendida por operadores do turismo no Brasil: o fim de restrições para o capital estrangeiro em companhias aéreas.
Apesar do esforço de Beltrão, não há consenso dentro do governo nem para a isenção e nem para a abertura do capital das aéreas.
Desde que o presidente americano Donald Trump alterou procedimentos para que brasileiros obtenham visto americano, o chanceler José Serra, citando o princípio da reciprocidade, tem se colocado contrariamente à dispensa para os cidadãos dos Estados Unidos.
No caso, Trump ampliou as faixas de quem precisa fazer entrevistas para obter o visto. Antes, as entrevistas só eram necessárias a partir dos 16 anos e até os 66. Agora, jovens de 14 terão de passar pelo procedimento, bem como idosos até os 79.
Além disso, quem já havia conseguido o visto, conseguia tirar outro, sem entrevista, até quatro anos após o vencimento. O prazo máximo, agora, é de um ano depois da expiração.
Em relação à possibilidade de companhias aéreas poderem ter até 100% de capital estrangeiro, a matéria agrada Temer e os deputados, mas encontra resistência no Senado Federal.
Nesse cenário, a possibilidade de dispensa de visto para que americanos — e eventualmente japoneses, canadenses e australianos — possam ir ao Carnaval do Rio sem a necessidade de visto, dependerá de quem consegue convencer Temer primeiro: “o pelo amor de Deus” de Crivella e os planos do ministro do Turismo, ou o peso de Serra e do PSDB no governo.
Procurada para comentar os planos de Crivella para o Carnaval sem visto, a assessoria do prefeito não se manifestou.