O advogado Rodrigo Tacla Duran, que está foragido na Espanha e já trabalhou para a Odebrecht e UTC, disse nesta quinta-feira, por vídeo-conferência na CPI mista da JBS, que o ex-procurador Marcello Miller lhe orientou a gravar uma reunião para um possível acordo de delação premiada.
O depoimento vai na contramão do prestado pelo próprio Miller ontem, na mesma CPI. Na ocasião, Miller disse que nunca orientou nenhum investigado em processo de delação a fazer gravações.
As dúvidas sobre supostos pedidos de Miller para gravar investigados ganhou força desde que o empresário Joesley Batista grampeou uma conversa com o presidente Michel Temer no Palácio do Jaburu.
A defesa de Temer alega que Miller, nas tratativas pré-fechamento de acordo, teria orientado Joesley a gravar o presidente, o que criaria um flagrante montado e invalidaria provas.
Nesta quinta, Tacla Duran, que negou ter cometido crimes, disse que, enquanto tentava fechar seu próprio acordo de delação — algo que acabou não acontecendo — foi orientado por Miller a gravar uma reunião entre advogados da Odebrecht.
Ao responder que não poderia fazer isso, disse que Sérgio Bruno, outro procurador da força tarefa, foi contra o pedido de Miller de gravação e lhe solicitou para participar do evento e posteriormente dizer o que foi conversado.
Ao chegar na reunião com os advogados da Odebrecht, Duran disse que havia vários microfones na sala e perguntou se o encontro seria gravado. Ao receber resposta negativa, teria falado ao advogado Adriano Maia que havia sido orientado por Miller a gravar o encontro.
Nesta hora, ele reforçou o suposta papel duplo que Miller estaria desempenhando.
Segundo Duran, o advogado Maia he disse para não se preocupar com o então procurador Miller porque “esse é nosso”.