Depois da escalada da pressão de líderes políticos europeus por conta das queimadas na Amazônia, o presidente Jair Bolsonaro fez um pronunciamento em cadeia nacional de rádio e TV em que prometeu combater o desmatamento ilegal e sugeriu que as críticas são mero "pretexto" para prejudicar comercialmente o Brasil.
O presidente da França, Emmanuel Macron, por exemplo, postou ontem um tuíte em que chamou a Amazônia de "nossa casa", classificou as queimadas de "crise internacional" e convocou uma reunião de emergência na cúpula do G7 para tratar do assunto. O francês também ameaça barrar, por conta da crise na Amazônia, o acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul.
No pronunciamento de hoje, Bolsonaro afirmou: "Espalhar dados e mensagens infundadas, dentro ou fora do Brasil, não contribui para resolver o problema, e se prestam apenas ao uso político e à desinformação".
Houve panelaços durante o pronunciamento — mas, segundo relatos nas redes sociais sobre diversas cidades, tímidos.
O presidente afirmou que as queimadas de 2019 não estão fora da média dos últimos 15 anos, mas disse que "não estamos satisfeitos". "Vamos atuar fortemente para controlar os incêndios na Amazônia", declarou.
Mencionou o decreto, assinado hoje, para uso das Forças Armadas para reforçar o combate as queimadas na Amazônia. "Somos um governo de tolerância zero com a criminalidade, e na área ambiental não será diferente", disse.
"Seguimos como sempre abertos ao diálogo, com base no respeito, na verdade, e cientes da nossa soberania", afirmou Bolsonaro, reforçando o discurso usado por seus aliados de que os críticos internacionais à atuação do governo na Amazônia estão interessados em interferir nos assuntos brasileiros.
"Incêndios florestais existem em todo o mundo, e isso não pode servir de pretexto para possíveis sanções internacionais", disse Bolsonaro, que hoje recebeu o apoio público do presidente dos EUA, Donald Trump.
Trump tuitou que havia conversado com Bolsonaro e que os Estados Unidos estão prontos para ajudar o Brasil a combater o fogo na Amazônia.