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"O Brasil não tem espaço para fascismo", diz Emerson, cercado e xingado por bolsonaristas

Vídeo com o homem enfrentando bolsonaristas viralizou nas redes sociais. Ele disse que protestos do último domingo "foram só o começo".

Emerson Márcio, 35, foi à avenida Paulista no último domingo (31) para protestar pela democracia. Por volta das 14h, viu um grupo bolsonarista segurando bandeira vinculada ao grupo ultranacionalista ucraniano Pravyi Sektor (setor direito, em tradução livre) e resolveu reclamar. Foi cercado pelos bolsonaristas – muito deles gritando "Mito!" – e xingado. O vídeo de Emerson encarando o grupo viralizou nas redes sociais.

Alguém avise a este homem que pode contar comigo para TUDO. Alguém sabe quem é? Uma das imagens mais fortes de resistência q já vi na vida. NÓS VAMOS VENCER OS FASCISTAS E NAZISTAS!!!

"Eu estava com um amigo, vegano, procurando algum lugar para comer e não era uma missão fácil. Achamos um lugar, mas estava fechado. Quando estávamos voltando para o ato, encontramos pessoas segurando bandeiras de fascistas e neonazistas, sendo fotografados pela imprensa. Comecei a falar que aquilo era inaceitável no Brasil, um país de negros, nordestinos, índios. Aqui não tem espaço para fascista", disse Emerson ao BuzzFeed News.

"E foi aí que uma pessoa veio pra cima de mim, me xingando de burro, de lixo. Em um dos vídeos eu até apareço colocando máscara, para me proteger desse cara [que segurava a bandeira preta e vermelha ligada ao Prawy Sektor]. Outras pessoas também se juntaram para me ofender, ficavam gritando "mito, mito" e tentando fazer parecer que eu era o criminoso ali. Eu apenas protestei, parado, contra aquelas demonstrações fascistas", disse.

O analista de sistemas disse que o ato pró-democracia e antifascismo do último domingo estava pacífico até as provocações dos bolsonaristas. Segundo Emerson, o ato do último domingo "foi só o começo".

"Essas pessoas são raivosas, exalam ódio, tentam oprimir o próximo. Essas pessoas já chegaram querendo ser donas da Paulista, xingando, provocando, foi um momento que a gente começou a ver bandeiras simbolizando o neonazismo. Num país em que a maioria é formada por filhos de nordestinos, não podíamos aceitar. Foi então que teve a confusão".

Emerson é nascido e criado na periferia de Osasco e integrante da torcida organizada corintiana Gaviões da Fiel, que liderou o movimento do último domingo.

Integrante da Gaviões há 18 anos, Emerson disse que foi na torcida organizada que ele iniciou seu ativismo político. Ele, que não é filiado a nenhum partido e não tem intenção de se candidatar a nenhum cargo eletivo, diz que a luta do momento é contra o autoritarismo e que, com os devidos cuidados por conta da pandemia, as pessoas devem ir às ruas.

"Muitas pessoas já estavam querendo falar, querendo lutar pela democracia, mas estavam com medo. Um brutamonte agride uma enfermeira, pessoas que salvam vidas estão sendo agredidas! Quero dizer para essas pessoas que estavam com medo que a gente tá junto, se elas tinham medo, hoje não precisam ter. Só aceitamos um tipo de regime: o democrático".

Sobre protestos marcados para o próximo domingo (7), Emerson disse que existe uma preocupação sobre possíveis infiltrados que tentem deslegitimar o ato e que outras bandeiras, como a luta contra o racismo, podem caminhar lado a lado.

"Tudo que fere o povo é de direito do povo lutar, e quando o povo está junto, unido, o governo sente que ou ele começa a respeitar os direitos da população ou ele vai sofrer muito. Queremos unir o povo, independente da pauta, do time, queremos todos juntos para ficarmos cada vez mais forte em busca da democracia".

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