Se um dia vier a julgar o rumoroso caso envolvendo as acusações de Joesley Batista contra Michel Temer, o ministro Gilmar Mendes deu uma pista do que pensa sobre a delação e as provas produzidas pelo empresário que jogaram o governo na sua pior crise.
Num momento de descontração durante o julgamento do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Herman Benjamin dizia, em tom de brincadeira, que Luiz Fux tinha feito um cálculo que levaria 14 horas para o relator terminar de ler seu voto.
Herman brincou que não acreditava na conta de Fux por ela não ter sido submetida à perícia. Foi então que Gilmar Mendes, presidente do julgamento, interveio.
"Agora até fita sem perícia vale", disse o presidente do TSE, que também integra a turma do Supremo Tribunal Federal encarregado da Lava Jato.
Veja aqui o trecho:
A observação do ministro ecoa o argumento da defesa de Michel Temer, que tem atacado como "prova imprestável" a gravação de áudio feita por Joesley em que ele e o presidente conversam, fora da agenda oficial, na garagem do palácio Jaburu, residência de Temer.
No áudio, Joesley conta a Temer ter subornado juízes e um procurador, além de ter zerado as "pendências" para "ficar de bem" com Eduardo Cunha – este trecho do diálogo é interpretado pelos procuradores como anuência do presidente à tentativa do dono da JBS para calar um possível delator.
Mais do que isso, Temer também indicou a Joesley o então deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) como homem de sua "estrita confiança" para ser o interlocutor do empresário. Dias depois, Rocha Loures foi filmado correndo com uma mala com R$ 500 mil de propina paga pela JBS. Rocha Loures está preso desde sábado.
Enquanto os advogados de Temer atacam o áudio, que está sendo submetido à perícia, o presidente não negou o conteúdo da conversa em entrevistas e pronunciamentos desde que eclodiu a crise.
Na versão de Temer, ele não acreditou quando o empresário lhe contou do suborno a juízes e um procurador alegando que Joesley é um "falastrão."