Estas são as empresas suspeitas de pagar propina a Geddel e Cunha

    Segundo a Polícia Federal e o Ministério Público Federal, o grupo de empresário Nenê Constantino e controladores dos frigoríficos Friboi e Marfrig estão entre suspeitos de pagar propina ao PMDB para obter financiamento da Caixa, durante governo Dilma.

    O ex-ministro Geddel Vieira Lima e o deputado cassado Eduardo Cunha faziam parte de uma "verdadeira organização criminosa" que cobrava propina para liberar financiamentos da Caixa Econômica Federal, de acordo com a Procuradoria da República do Distrito Federal.

    Segundo a investigação, que resultou na deflagração da operação Cui Bono? ("a quem beneficia?", em latim), o propinoduto foi operado quando Geddel exercia o cargo de vice-presidente de pessoa jurídica da Caixa Econômica Federal, entre 2011 e 2013. A operação realizou buscas em Brasília, Salvador e São Paulo nesta sexta (13).

    As operações suspeitas ocorreram durante o governo Dilma Rousseff. Derrotado na disputa eleitoral para o governo da Bahia em 2010, Geddel acabou acomodado na diretoria da Caixa por indicação do então vice-presidente Michel Temer.

    No pedido de busca e apreensão, o procurador Anselmo Henrique Cordeiro Lopes também cita um assessor de Geddel na Caixa, Roberto Derziê de Sant'Anna, que seria ligado ao presidente Temer, mas nenhum de seus endereços foi alvo da PF nesta sexta.

    "Outra novidade dentro desta análise é a referência ao indivíduo “desirre”, que seria
    ROBERTO DERZIÊ DE SANT´ANNA, o qual, conforme a imprensa, seria pessoa ligada ao
    atual presidente MICHEL TEMER e, à época dos fatos, exercia o cargo de Diretor Executivo
    de Pessoa Jurídica da CEF", afirma o procurador.

    Um dos peemedebistas mais próximos do presidente Michel Temer, Geddel caiu da Secretaria de Governo em novembro do ano passado, após protagonizar um escândalo em que operou dentro do governo para liberar a construção de um edifício de luxo numa área de interesse histórico em Salvador.

    Já Eduardo Cunha está preso por ordem do juiz Sergio Moro desde outubro de 2016.

    Segundo a investigação, o esquema de extorquir empresas em troca de recursos da Caixa praticamente repetiu o que aconteceu na vice-presidência de Loterias, área de influência de Eduardo Cunha. Cunha indicou o operador Fábio Cleto para o cargo com a missão de cobrar propina de empresas. Cleto tornou-se delator.

    Outro personagem em comum é o operador do mercado financeiro Lúcio Funaro, ligado a Cunha. Segundo a Procuradoria, ele era o responsável por articular o pagamento das empresas no esquema. Funaro foi preso no ano passado.

    A descoberta do esquema de cobrança de propina para liberar dinheiro da Caixa veio da análise das mensagens trocadas por Geddel e Cunha ao longo de 2011 e 2013. As mensagens foram descobertas num celular de Cunha, apreendido pela operação Catilinárias, um dos desdobramentos da Lava Jato, em dezembro de 2015.

    Em pelo menos um caso, há suspeita de que um dos empréstimos tenha sido dado a pedido de outro partido da base, que não o PMDB de Geddel e Cunha. Trata-se do Partido Social Cristão, presidido nacionalmente pelo deputado Pastor Everaldo.

    Segundo a Procuradoria, estas foram as empresas suspeitas de pagar "pedágio" para receber empréstimos da Caixa:

    Grupo Constantino

    Marfrig / Seara

    J&F Investimentos (holding controladora da Friboi)

    Bertin e JBS

    Big Frango

    Digibrás

    Dinâmica e Partido Social Cristão

    As empresas e advogados das pessoas citadas estão sendo procuradas pelo BuzzFeed Brasil. Este post será atualizado quando surgirem novas informações.

    OUTRO LADO

    A defesa de Geddel entrou em contato com o BuzzFeed e divulgou a seguinte nota:

    "A defesa técnica de Geddel Viera Lima esclarece que a malfadada operação decorre de ilações e meras suposições não comprovadas. A apressada decisão não traz qualquer fundamento idôneo que justificasse a medida. Além disso, não há indicação pela Polícia ou MPF de qualquer fato/elemento concreto que pudesse representar corrupção ou lavagem de dinheiro, até porque tais atos jamais foram praticados por Geddel Viera Lima. Nem mesmo o ficcional relatório da autoridade policial, reconhecidamente repleto de suposições, aponta concretamente qualquer valor que tivesse sido recebido por Geddel Viera Lima. Geddel NADA recebeu. Informa que está, como sempre esteve, à disposição das autoridades para qualquer esclarecimento. Por fim, a defesa informa que autoriza a publicação/divulgação desta nota em sua integralidade.

    Salvador, 13 de janeiro de 2017 - Gamil Föppel - Advogado"

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