O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva presta depoimento ao juiz Sergio Moro, em Curitiba em circunstâncias completamente distintas do primeiro encontro entre os dois, em maio deste ano.
O interrogatório desta quarta (13) integra ação penal em que a força-tarefa da Lava Jato acusou o ex-presidente de receber propina de R$ 12,4 milhões da Odebrecht.
O caso envolve a suspeita de que a empreiteira tenha comprado um terreno para sediar o Instituto Lula, afirma a Lava-Jato. O processo também abrange ainda o apartamento vizinho à cobertura em que Lula vive em São Bernardo do Campo.
A defesa de Lula diz que jamais recebeu o terreno e que o instituto que leva o nome do petista funciona na mesma sede desde 1991.
No primeiro encontro de Lula e Moro, o petista ainda não havia sido condenado e as delações que o citavam vinham de empreiteiros e de pessoas que, embora aliados, não integravam o círculo mais próximo do petista (caso do ex-senador Delcídio do Amaral, ex-PT, e do marqueteiro João Santana).
Agora, Lula –o único nome do PT para a eleição de 2018 até agora– volta à frente do juiz como réu já condenado e na semana seguinte às revelações feitas pelo Antonio Palocci.
Homem-forte da economia do governo Lula entre 2003-2007, ex-ministro passou de aliado próximo a algoz.
Na semana passada, Palocci acusou o ex-presidente de não apenas ter conhecimento do esquema de corrupção na Petrobras, como de ter avalizado o sangramento da empresa.
Além da questão puramente jurídica, o depoimento de hoje tem um forte ingrediente político. Não se trata de um tudo ou nada, mas o comportamento de Lula pode ser um termômetro de sua virtual candidatura no ano que vem.
Outra diferença em relação ao primeiro depoimento estará fora do prédio da Justiça Federal de Curitiba.
Ao contrário de maio, quando a militância petista de vários Estados do país desembarcou na capital paranaense para acompanhar o ex-presidente, desta vez o apoio deve se resumir à esquerda local.