O depoimento de um empresário que tinha sido delatado e resolveu colaborar com a Lava Jato é o principal elemento da mais nova fase da operação, a "Satélites 2", realizada nesta sexta-feira (28) pela Polícia Federal.
Trata-se do depoimento de Nelson Maranaldo, da empreiteira NM Engenharia. Ele contou aos investigadores que fazia doações eleitorais como forma de mascarar propinas ao PMDB, em troca de contratos na Transpetro, subsidiária da Petrobras.
Em sua delação, ele afirmou que fez R$ 1,6 milhão em doações eleitorais para diretórios do PMDB, mas que o dinheiro era "carimbado" para os políticos que receberiam.
O objetivo da operação é apurar a suposta participação de operadores de políticos. Por isso, nenhum parlamentar do PMDB foi alvo da PF, apenas pessoas ligadas a eles, como é o caso de Renan Calheiros (PMDB-AL) e Romero Jucá (PMDB-RR).
Essa frente de investigação surgiu após a delação de Sérgio Machado.
Ex-senador, ele foi presidente da Transpetro entre 2003 e 2014, com o aval do PMDB. Ele era próximo de políticos do partido, sobretudo de senadores.
No ano passado, ele fez uma delação premiada e gravou diversos políticos, ganhando notoriedade a conversa com Romero Jucá, que deixou o Ministério do Planejamento em seguida.
Na delação, Machado apontou diversos grupos empresariais que davam propina em troca de contratos. Entre eles, o NM. Em sua delação, o empresário Nelson Maranaldo confirmou a história e apresentou anotações com as pessoas com quem deveria tratar das doações eleitorais. Essas pessoas citadas foram os alvos da operação da PF desta sexta-feira.
Um dos alvos da operação foi o advogado Bruno Mendes, ligado a Renan. Ele participou de uma das reuniões gravadas por Sérgio Machado. Em nota, ele negou envolvimento em ilegalidades.
"Pedido de natureza semelhante já havia sido incisivamente indeferido pelo Ministro Teori Zavascki no ano passado, pois não existia qualquer indício ou notícia de prática ilícita envolvendo o Advogado. Na operação realizada hoje pela Polícia Federal, não foi localizado, identificado ou apreendido, nenhum objeto de valor, como dinheiro em espécie, obras de arte ou jóias que pudessem aparentar origem suspeita ou resultado de conduta ilícita. Basicamente foram recolhidas cópias relativas à defesa de clientes, rascunhos de discursos e cartões de visita. Tudo isso demonstra que não há nenhuma evidência ou participação do advogado nos fatos investigados", disse Luís Henrique Machado, advogado de Bruno Mendes.