Notório crítico do PT e do governo de Dilma Rousseff, o ministro Gilmar Mendes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, adotou posturas diferentes ao longo das sessões que podem levar à cassação do mandato de Michel Temer.
A ação começou ainda em 2014 quando o PSDB, derrotado, recorreu à Justiça para tentar cassar Dilma. Vieram então a delação da Odebrecht, o impeachment de Dilma e o julgamento se voltou contra Temer.
Na sessão desta quinta-feira (8), a discussão entre os ministros ficou acalorada. O cerne era discutir se a delação da Odebrecht tinha validade no processo. Isso é decisivo para o futuro do julgamento. Gilmar Mendes então pediu moderação.
"Há exageros. Às vezes, por questões pequenas cassamos mandatos. [...] É preciso moderar a sanha cassadora porque de fato você coloca em jogo outro valor, que é o valor do mandato. O valor da manifestação popular, certa ou errada", disse GIlmar Mendes.
O presidente do TSE, mais de uma vez, citou ainda uma "estabilidade" do mandato presidencial.
Na sessão do dia anterior, contudo, GIlmar Mendes não poupou críticas a DIlma. Ele chegou a dizer que o PT tinha uma espécie de poupança de caixa dois.
"Toda ela, a tese do financiamento público [de campanha], era uma tese do PT. E eu disse assim: o PT está renunciando ao financiamento privado. Por quê? Porque ele já tem o dinheiro guardado para as campanhas", falou o ministro.
Antes de pedir moderação aos colegas, Mendes mandou "às favas" a modéstia ao falar do processo e do destaque que o relator, Herman Benjamin, ganhava na imprensa. Foi na sessão de quarta-feira.
Assim falou Gilmar Mendes:
"Eu insisti na abertura desse processo, e eu dizia claramente: Não estou aqui a defender cassação de mandato. Mas queremos abrir esse processo para discutir o tema. Por que? Eu sou transparente em relação a isto. Não nego o que eu fiz ontem"