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Ele cometeu abuso sexual, mas achou uma brecha na lei — e está em liberdade

Agora, a sobrevivente do ataque está compartilhando sua história pela primeira vez.

A última coisa que Lauren se lembrava de ter pensado era que ela morreria.

O homem que lhe ofereceu uma carona alguns minutos antes em um posto de gasolina movimentado de Anchorage, no Alasca (EUA), de repente estava em cima dela, com as mãos em volta de sua garganta.

"Eu só lembro de tentar dizer alguma coisa e não conseguir", ela lembrou chorando. "Eu estava tentando respirar e não conseguia."

Ela pensou em sua família. Ela pensou em sua mãe, que estava vivendo em uma das aldeias nativas do Alasca mais ao norte. Ela pensou em seus irmãos e irmãs, em sua pequena sobrinha e sobrinhos. Ela nunca mais veria nenhum deles novamente.

"Logo antes de eu desmaiar, só me lembro de pensar: é o fim", disse ela.

Quando Lauren acordou, ele estava fechando o zíper da calça. O homem que há alguns minutos lhe dissera que a mataria estava perguntando se ela precisava de alguma coisa para limpar seu rosto.

"Eu estava confusa, e quando me levantei e olhei meu reflexo no carro, vi que ele tinha ejaculado em todo o meu rosto", disse ela.

O homem não ia realmente matá-la, ele tentou explicar; ele só precisava que ela pensasse que ele iria matá-la porque essa era sua fantasia sexual. Ele deixou que ela pegasse sua mochila na caminhonete dele e então foi embora, deixando-a em estado de choque e sozinha no sol de verão na hora do almoço.

“Eu me lembro de ter ficado chocada por ele ter tido coragem de fazer isso no meio do dia. Ele estava a caminho do trabalho", disse Lauren.

"O olhar nos olhos dele", lembrou ela. "Sem alma. Sem nada."

O ataque de 8 de agosto de 2017 a Lauren, que o BuzzFeed News concordou em identificar apenas com seu primeiro nome, horrorizou as pessoas do Alasca quando apareceu no noticiário local. Mas a parte mais chocante — a parte que causaria uma tempestade política e jurídica — viria mais de 12 meses depois.

O agressor de Lauren, um pai casado de 33 anos chamado Justin Schneider, admitiu que agiu contra a vontade de Lauren. Ele admitiu que fez isso para satisfazer seus desejos sexuais. Ele admitiu que se masturbou em cima dela. Ele admitiu que ejaculou no rosto dela. Mas ele não foi acusado de abuso sexual. Como réu primário, ele aceitou um acordo para se declarar culpado de apenas uma única acusação de abuso em segundo grau, e ele saiu livre do tribunal. "Eu gostaria apenas de enfatizar o quanto sou grato por esse processo", disse Schneider (que se recusou a falar com o BuzzFeed News) à corte. Ele estava tentando melhorar, declarou. "Quero continuar essa jornada."

O caso logo viralizou, conforme a mídia e celebridades criticaram nas redes sociais a injustiça da leve punição de Schneider. Em um meme compartilhado 47 mil vezes no Facebook, ele foi chamado de "o rosto do privilégio branco" ao ter uma acusação de abuso sexual "descartada".

Mas a realidade era muito mais complicada. Os promotores não descartaram a acusação de abuso sexual. Em primeiro lugar, eles nunca fizeram essa acusação — porque a lei não lhes permitia isso, eles disseram.

No Alasca, o abuso sexual tem uma definição muito restrita: ele tem que envolver “tocar conscientemente, diretamente ou por meio de roupas, a genitália, o ânus ou os seios da vítima”, ou conscientemente fazer a vítima tocar a genitália do acusado ou da própria vítima. Como Schneider tocou apenas em sua própria genitália, mas não tocou na de Lauren ou a forçou a tocar na dele, suas ações não se qualificaram como abuso sexual.

"Embora os fatos desse caso fossem particularmente perturbadores, o contato físico ofensivo com fluido corporal como sêmen, como fez o sr. Schneider, e não é classificado como crime sexual pela lei do Alasca", disse John Skidmore, diretor da Divisão Criminal do Departamento de Direito do Alasca, em uma análise subsequente do caso.

Como consequência do caso de Lauren, os legisladores do Alasca votaram em maio pelo fim do que chamaram de “brecha de Schneider”.

Mas, dos 54 estados e territórios dos EUA, 44 dessas jurisdições, incluindo o Alasca, não têm uma definição sancionada de contato sexual que mencione explicitamente o contato com sêmen, segundo uma pesquisa do BuzzFeed News e do AEquitas, um grupo sem fins lucrativos de Washington, com promotores especializados em violência baseada em gênero e tráfico de pessoas. Em Delaware, Mississippi, New Hampshire, Ohio e Texas, para citar apenas alguns estados, Schneider ainda poderia escapar pela mesma brecha.

Jennifer Long, que dirige o AEquitas, disse que o contato indesejado com a ejaculação é uma forma "humilhante" e "ofensiva" de abuso sexual.

"Há uma tendência no passado e, de certa forma, atual de minimizar o contato ou a penetração que não atenda aos mais estereotipados elementos do abuso: ameaça armada, violência, penetração, ejaculação, ferimentos em todos os lugares", disse ela. “Mas isso não é necessário para ser um crime de violência sexual."

"Só porque um pênis não encostou em alguém, mas ejaculou, isso não diminui o crime ou seu impacto sobre a vítima."

"Só porque um pênis não encostou em alguém, mas ejaculou, isso não diminui o crime ou seu impacto sobre a vítima", disse ela.

O crime de Schneider teve um profundo impacto em Lauren. Nos meses seguintes ao seu abuso brutal, e novamente em meio ao circo da mídia desencadeado pela sentença dele, ela optou por manter-se em silêncio. Mas, em maio, Lauren decidiu conversar com o BuzzFeed News.

"Agora que tive tempo de processar tudo isso, senti que é hora de as pessoas ouvirem o meu lado da história", disse ela.

Lauren tem hoje 27 anos. Uma mecha de cabelos compridos e escuros desce pela lateral do capuz cinza que ela está usando quando nos encontramos em uma sala sem janelas no escritório de seus advogados no centro de Anchorage. De vez em quando ela puxa as mangas do seu suéter para mexer nas pulseiras enquanto fala. Lauren está segurando um iPhone quebrado e uma sacola plástica cheia de besteiras: doces e duas garrafas de uma bebida energética amarela. Ela irradia exaustão.

O advogado de Lauren, Jim Davis, ajudou a marcar a entrevista, dizendo que sentiu que ela havia alcançado "uma posição mais estabilizada" em sua recuperação, e que estava pronta para conversar. Mas, no dia marcado, ela estava extremamente frágil e hesitante. "Eu queria que você estivesse aqui", ela escreveu em uma mensagem de texto para sua namorada. "Estou nervosa."

Com sua voz falhando enquanto ela chupava o nariz por causa do choro, e parando em alguns momentos durante a entrevista para se recompor, ela começou a contar o pior dia de sua vida.

Lauren passou seus primeiros oito anos em Anchorage, uma cidade de aproximadamente 300 mil pessoas — a maior do Alasca —, cercada pelas águas geladas e lamacentas da Enseada de Cook a oeste e, a leste, por um anel de montanhas gloriosas e cobertas de neve que parecem surgir do nada. "Acho que muitas pessoas, quando vêm para o Alasca, ficam surpresas com o quão bonito ele é", disse ela. "Especialmente nas aldeias", as vastas áreas remotas para onde ela se mudou na segunda série, "de onde eu sou, não há árvores em lugar algum. Tudo é tundra."

Mudar-se para a pequena aldeia nativa de sua mãe foi um grande choque para uma garota da cidade. "Foi muito — quase como um choque cultural para mim por causa de como a aldeia era pequena", disse ela. “Eu estava acostumada a ir ao shopping e a piscinas de colégios diferentes, e na aldeia há apenas um colégio e nenhum shopping.”

Sua avó mora em uma reserva nativa-americana, juntamente com muitos primos dela. "Eles perguntavam se eu morava em um iglu", disse ela sobre as pessoas que encontrava no sul, "ou se eu ia para a escola com trenós puxados por cachorros".

Adulta, Lauren voltou a morar na grande cidade do Alasca, onde ainda tem família.

Foi uma visita ao seu tio que a levou ao bairro de Spenard em 8 de agosto de 2017, mas ele não estava em casa, então ela foi até um posto de gasolina nas proximidades. Ela estava lamentando sua falta de sorte, tendo acabado de perder o ônibus de volta para a cidade, quando um SUV Toyota branco parou.

"Ele disse: 'Ei, qual é o seu nome mesmo?'", Lauren recorda. "E eu disse: 'Nos conhecemos?' E ele disse: 'Eu sou o Dan.'"

O homem era alto — quase 1,90 m, ela acreditava — e tinha uma barba curta e desleixada na mesma cor ruiva de seu cabelo. Ele estava vestindo uma camisa vermelha de manga comprida com as mangas arregaçadas. A camisa dele estava bem enfiada na sua calça jeans azul. Ele parecia inteligente, como se estivesse indo para o trabalho.

"Eu só lembro daqueles olhos... daqueles olhos", disse ela. "Você não esquece o rosto de alguém que você pensou que lhe mataria."

Ela não conseguia se lembrar se o conhecia ou não, mas ele estava lhe oferecendo carona. Ela estava relutante no início, mas ele parecia amigável, e ela precisava cruzar a cidade. Além disso, ela não queria parecer ingrata. "Contrariando o meu bom senso, eu entrei", disse ela.

Rick Allen, que era promotor público de Anchorage na época do caso de Lauren, disse que, no Alasca, onde as distâncias são longas e as condições podem ser extremas, dar carona para estranhos não é nada de mais: “Se alguém se aproxima de você e diz: 'Ei, você pode me levar 3 km pela estrada?', e você está indo naquela direção, você simplesmente leva."

O homem perguntou a Lauren se eles podiam fazer uma breve parada para que ele pudesse pegar alguma coisa em seu outro carro. Ela concordou, e ele estacionou em uma pequena rua lateral e não pavimentada, em uma área residencial tranquila, onde árvores altas e arbustos frondosos forneciam muita cobertura.

Ele pediu a Lauren para sair enquanto ele carregava o SUV. "Quando cheguei na parte de trás do carro, ele me jogou no chão, e eu me lembro apenas de ficar com muito medo", ela recordou, com os olhos lacrimejando. "Ele me pegou de surpresa completamente."

O homem disse a ela que a mataria se ela gritasse. Ela prometeu não o fazer. "Então ele me olha nos olhos e diz: 'Eu vou matar você de qualquer jeito'", ela lembrou, com lágrimas escorrendo pelo rosto. "E então ele começa a me sufocar."

Quando recuperou a consciência, Lauren percebeu que tinha perdido os calçados na briga. Descalça e extremamente abalada, ela foi para a lateral da estrada, repentinamente preocupada que ele fosse atropelá-la.

Mas em meio ao terror, ela demonstrou notável compostura. Quando ele deu a ela o pano para limpar o que a polícia mais tarde chamou de "uma grande mancha de ejaculação", ela teve o cuidado de não limpar tudo, assim restaria alguma coisa para a polícia fazer testes. Ela também se lembrou de pedir sua bolsa, na qual estava seu celular. Então, quando Schneider foi embora, “eu lembro de ter pensado comigo mesma: pegue a placa dele, pegue a placa dele”. No momento em que o carro dele virou a esquina, ela enfiou a mão na bolsa, ligou para a polícia e disse o número da placa.

No hospital, um detetive mostrou a Lauren seis fotos de homens diferentes. Ela não teve problemas em identificá-lo.

"Eu só lembro daqueles olhos... daqueles olhos", disse ela. "Você não esquece o rosto de alguém que você pensou que lhe mataria."

As mulheres no Alasca correm mais risco de serem assassinadas por um homem do que as mulheres em qualquer outro estado dos EUA. Um estudo de 2016 do Violence Policy Center descobriu que a taxa era quase três vezes a média americana. E um terço das mulheres adultas do Alasca já sofreu violência sexual, de acordo com uma pesquisa de 2015 do Centro de Justiça de Anchorage da Universidade do Alasca..

As estatísticas são ainda piores para mulheres indígenas como Lauren. O assassinato é a terceira principal causa de morte entre as mulheres nativas do Alasca, segundo a senadora do Alasca Lisa Murkowski. Em algumas reservas, é 10 vezes mais provável as mulheres serem mortas do que em outros países. Quase metade delas sofreu estupro, violência física ou perseguição, o governo federal descobriu em 2012.

"Em termos de abuso sexual e violência contra as mulheres, infelizmente isso é um problema em todo o Alasca", disse Allen, o ex-promotor público de Anchorage. "Isso é um problema no Alasca rural, é um problema no Alasca urbano, e é algo do qual todos nós nos envergonhamos e queremos tentar melhorar."

Janel Gagnon, uma voluntária do No More Mat-Su, um grupo antiviolência doméstica que opera no Vale Matanuska-Susitna, nos arredores de Anchorage, mudou-se para o estado há três anos vinda de Portland, Óregon, mas nasceu na Califórnia. Antes de se mudar para o norte, ela tinha três grandes medos: frio, ursos e alces. "Eu passei a adorar o frio, nunca vi um urso e vi apenas alguns alces", disse ela. “Mas você sabe do que eu tenho medo agora? Eu tenho muito medo das pessoas."

"Essas estatísticas significam que você tem muitos criminosos andando por aí, e eles devem ser criminosos que todos nós conhecemos", disse ela. "Por que não estamos falando sobre eles? Porque então teríamos que falar sobre nossos vizinhos."

Após seu abuso a Lauren, Justin Schneider dirigiu-se ao seu trabalho no Aeroporto Internacional Ted Stevens Anchorage, um dos aeroportos de carga mais movimentados do mundo, onde trabalhava como controlador de tráfego aéreo. Quando ele terminou mais tarde naquela noite, ele dirigiu os 30 minutos até Eagle River para ficar com sua esposa e dois filhos.

Ele foi preso no dia seguinte.

Lauren sentiu alívio quando ouviu a notícia. Parte dela temia que ele, de alguma forma, a encontrasse e “terminasse o trabalho”.

Mas ela ficou particularmente chocada ao descobrir o que seu agressor fazia para ganhar a vida. "Meu primeiro pensamento foi que esse cara é em grande parte responsável pelas pessoas no ar — esse psicopata", disse ela. “Obviamente tem algo em sua cabeça que se desliga no ato de matar, e apenas me surpreendeu que ele estivesse no comando de todas aquelas vidas no ar. Isso era simplesmente insano."

Apenas uma semana após seu ataque, Lauren testemunhou em frente ao júri. Schneider foi indiciado em três acusações criminais: sequestro e agressão de segundo e terceiro graus. A acusação de sequestro sozinha implicava uma sentença de até 99 anos de prisão.

"Sou um advogado que faz esse tipo de trabalho há 20 anos, mas nunca havia me deparado com esse tipo de cenário antes. Nenhum de nós havia."

Mas ele também enfrentou uma acusação de contravenção pelo que é conhecido como assédio em primeiro grau. Essa, descobriu-se, era a única acusação que os promotores acharam que poderiam fazer contra ele por se masturbar e ejacular no rosto de Lauren.

Segundo a lei do Alasca, uma pessoa é culpada de assédio em primeiro grau se submeter outra a “contato físico ofensivo [...] com sangue, muco, saliva, sêmen, urina, vômito ou fezes, de humanos ou animais”. Como está escrito, a lei cobre o ato de ser atingido com ejaculação, mas não o de alguém se masturbar em cima de você (o estatuto, como muitas leis semelhantes em todo os Estados Unidos, é criado principalmente para proteger os guardas de prisões de detentos atirando copos de fluidos corporais a partir de suas celas; alguns desses estatutos limitam explicitamente o escopo das vítimas a policiais e equipes de emergência). Então, basicamente, a lei do Alasca considerava o que Schneider fez como equivalente a cuspir no rosto de alguém.

Andrew Grannik, o então promotor público assistente em Anchorage que lidou com o caso, não estava disposto a falar sobre isso, de acordo com um porta-voz do Departamento de Direito do Alasca. Mas o ex-chefe de Grannik, Allen, disse ao BuzzFeed News que se lembrava de Grannik vindo até ele para discutir o caso.

"Acho que até peguei meu livro de estatutos e disse: 'Com certeza isso é uma ofensa sexual. Quero dizer, isso tem que ser uma ofensa sexual, certo?'", disse Allen. "E ele disse: 'Não, Rick, olhei para isso de todas as formas, e isso não é uma ofensa sexual.' E eu analisei os estatutos com ele, e ele estava certo."

Os promotores estavam perdidos.

"Sou um advogado que faz esse tipo de trabalho há 20 anos, mas nunca havia me deparado com esse tipo de cenário antes", disse Allen. "Nenhum de nós havia."

Casos como os de Lauren são raros, mas não são inéditos. Em 2005, três estudantes universitários da Universidade de Connecticut assistiram a pornografia juntos, depois revezaram-se masturbando e ejaculando em uma estudante que estava dormindo no futon em um dos seus dormitórios. O incidente levou Connecticut a alterar suas leis para criminalizar essa conduta como um abuso sexual.

Em 2013, um calouro de 18 anos da Universidade do Colorado em Boulder foi preso após invadir o dormitório de uma estudante e se masturbar sobre ela enquanto ela dormia. Ele acabou tendo que se declarar culpado apenas pela invasão de privacidade e uma acusação de roubo em segundo grau — pelo roubo da calcinha dela.

Na época do abuso de Lauren, apenas nove estados — Connecticut, Illinois, Iowa, Minnesota, Nova Iorque, Carolina do Norte, Dakota do Norte, Tennessee e Wisconsin — haviam legislado definições de “contato sexual” ou “atos sexuais” que incluíam explicitamente a ejaculação em outra pessoa. Na Pensilvânia, isso é listado como a ofensa separada do atentado violento ao pudor, enquanto no Óregon o sêmen é classificado como uma “substância perigosa”, e faz parte do delito de abuso sexual em terceiro grau.

Mas, mesmo nesses estados, a legislação não consegue abarcar todas as possibilidades de agressão. Em 2014, um homem de Minnesota foi flagrado repetidamente ejaculando no café e na mesa de sua colega inocente durante um período de seis meses. "Eu só pensei que fosse creme estragado", disse a vítima à polícia. As acusações de abuso sexual do homem foram posteriormente descartadas em favor de uma acusação de envolvimento em comportamento indecente ou obsceno. Os promotores determinaram que as leis de abuso sexual de Minnesota cobriam apenas casos em que o fluido seminal tocava diretamente a roupa ou o corpo da vítima. Como o sêmen do homem tinha entrado no café da mulher antes que ela o consumisse, esse contato indireto não era abuso sexual.

Na maioria dos estados onde o contato com a ejaculação não é expressamente definido como “contato sexual”, permitindo que os promotores sustentem acusações de abuso sexual, esses ataques provavelmente serão processados sob as leis de exposição indecente, que geralmente são delitos leves e com penas muito mais baixas.

Por outro lado, em muitos estados cabe aos juízes determinar se as leis existentes podem ser interpretadas de forma a classificar tal contato como de natureza sexual. Assim, os promotores podem optar por assumir casos que não se encaixam na definição e esperar que um juiz esteja disposto a interpretar os estatutos de uma forma mais abrangente.

O promotor público assistente de Anchorage, Andrew Grannik, tinha uma decisão a tomar.

Ele achou que era incapaz de processar Schneider por abuso sexual, mas também não estava certo sobre suas chances de condenar Schneider por acusação de sequestro. Lauren havia entrado e saído do carro de bom grado, e o escritório da promotoria não tinha certeza se poderia argumentar que ela havia sido "contida" ou se movido contra sua vontade, como a lei exigia. "O sequestro sob a lei estadual do Alasca é muito difícil de provar", disse Allen, o ex-promotor público de Anchorage que era chefe de Grannik. "Você tem que ter um conjunto bastante restrito de fatos e circunstâncias para ser capaz de provar isso."

Isso os deixou com a acusação de crime de agressão em segundo grau pelo estrangulamento e a acusação de crime de assédio. Como Schneider não tinha condenações anteriores, o máximo que poderia pegar seria dois anos de prisão.

Então Grannik, um ex-engenheiro oceanógrafo que fugiu da União Soviética pela liberdade nos EUA, tomou uma decisão estratégica. Ele ofereceu a Schneider um acordo de confissão.

Sob os termos do acordo, Schneider teria que se declarar culpado apenas pela acusação de agressão. Em troca, o estado descartaria as acusações de sequestro e assédio. Os promotores defenderiam a sentença máxima de dois anos na acusação de agressão, com um ano suspenso.

Mas Schneider também teria que concordar com as condições de liberdade condicional por ofensa sexual por três anos, apesar da ausência de qualquer acusação de ofensa sexual. Isso incluía submeter-se a tratamento, bem como potencialmente estar disposto a fazer testes de polígrafo e psicológicos, e potencialmente estar proibido de possuir pornografia, entre outras condições.

"Quem você preferiria ter vivendo ao seu lado?", Allen perguntou em defesa da decisão de Grannik. “O cara que apenas cumpriu os dois anos e estava de volta nas ruas? Ou alguém que cumpriu um ano e tem outro ano com essa questão na sua cabeça, e é obrigado a passar por todos esses obstáculos, fazer aconselhamento e passar por exames de criminosos sexuais? Eu acho que quando ele fez essa análise de uma perspectiva de segurança pública, essa foi a decisão que ele tomou.”

Mas como parte de sua libertação sob fiança após várias semanas na cadeia após sua prisão inicial, Schneider também passou o último ano na casa de seus pais a quatro horas de distância em Homer, Alasca, usando uma tornozeleira de monitoramento na qual sua família gastou aproximadamente US$ 5.000. Sob a lei do Alasca, o tempo de prisão domiciliar de Schneider poderia ser creditado em sua sentença. Isso significava que, em vez de ir para a prisão por um ano, ele sairia da sentença como um homem livre.

"Se ele fosse um cara pobre do lado leste de Anchorage — alguém cuja família não tivesse os US$ 5.000 — , ele provavelmente teria passado o ano inteiro em uma cama dura em alguma cadeia por aí", disse Allen.

Davis, advogado de Lauren do Northern Justice Project, um escritório de direito particular que defende os direitos civis dos alasquianos de baixa e média renda, criticou o acordo de confissão e disse acreditar que Schneider poderia ter sido condenado por sequestro perante um júri. Mas Davis também disse que suspeita que a raça seja um fator. "Estou certo de que, se a vítima fosse Ivanka Trump, o cara não teria a acusação de sequestro simplesmente descartada imediatamente", disse ele.

"Eu espero que o cavalheiro esteja ciente de que este é o seu passe único."

Em 19 de setembro de 2018, Schneider e seu advogado apareceram ao lado de Grannik perante o juiz Michael Corey, no centro de Anchorage, para declarar-se culpado sob os termos do acordo.

Lauren não foi encontrada.

Grannik disse ao tribunal que seu escritório havia "tentado ligar" para ela, mas recebeu uma mensagem de que "ela não estava disponível". Corey não suspendeu a audiência para pedir aos promotores que se esforçassem para falar com Lauren. Em vez disso, ele determinou que eles haviam cumprido sua exigência de exercer a "diligência necessária" ao convidar a vítima a comparecer.

Grannik falou bastante sobre os danos que resultaram da conduta "extremamente perigosa" de Schneider. Mas o sofrimento no qual Grannik focou não era o de Lauren, mas sim do próprio Schneider. “Este cavalheiro destruiu sua vida. Isso é o que ele fez. Ele tinha uma vida do tipo sonho americano, e decidiu destruí-la”, disse Grannik no tribunal, explicando que, como resultado do caso, Schneider havia perdido o emprego como controlador de tráfego aéreo, e isso equivalia a "basicamente uma punição à vida".

Então, para explicar que quaisquer futuras ofensas que Schneider pudesse cometer não seriam atendidas com um acordo de confissão, Grannik disse algo que assombraria a ele e ao caso nos meses seguintes. "Eu espero que o cavalheiro esteja ciente de que este é o seu passe único", disse ele.

"Isso não é realmente um passe", disse Grannik, imediatamente tentando se corrigir, "mas, dada a conduta, pode-se considerar que seja".

O advogado de Schneider, Mike Moberly, disse ao tribunal que seu cliente "desde muito cedo simpatizou" com a vítima, dizendo que isso era um bom presságio para suas perspectivas de reabilitação.

Essa foi a única vez que Lauren foi mencionada.

"Acho que aqueles que souberem sobre o que está acontecendo aqui hoje acharão este resultado chocante."

Corey a princípio pareceu desconfortável com a decisão, mas deu um jeito de transferir a responsabilidade para o promotor. "Ele é um zeloso defensor dos interesses do Estado e da comunidade, e acho que diz muito um indivíduo como o Sr. Grannik estar defendendo a aceitação do que à primeira vista realmente me impressionaria como uma sentença muito leve", disse Corey.

Como se de alguma forma antecipando a tempestade que estava por vir, Corey disse ao seu tribunal: "Acho que aqueles que souberem sobre o que está acontecendo aqui hoje acharão este resultado chocante."

“Esse pode ter sido o eufemismo do ano”, disse ele mais tarde ao BuzzFeed News.

Lauren ficou sabendo do acordo de confissão no dia seguinte, pelo jornal. Algumas horas depois, ela recebeu um e-mail sobre a restituição que Schneider teria que pagar a ela.

Ela disse que havia mudado seu número de telefone meses antes e, em meio à bagunça em que sua vida se transformou, esquecera de informar ao escritório do promotor público. Mas ele já havia usado seu e-mail para contatá-la sobre as audiências de fiança de Schneider, disse ela, e ela esperou meses para que o escritório lhe enviasse um e-mail sobre a audiência de sentença dele.

"Acho que alguém pegou o telefone e discou o meu número antigo, e foi isso", disse ela. "E, para mim, isso é simplesmente triste e me irrita."

Depois de ser contatado pelo BuzzFeed News com as alegações de Lauren, Paul J. Miovas, diretor da Divisão Criminal do Departamento de Direito do Alasca, analisou os arquivos do estado e disse que as autoridades tentaram dois números de telefone, uma vez cada. Mas ele confirmou que ninguém no escritório do promotor havia tentado enviar um e-mail a ela antes da audiência em que Schneider mudou sua alegação para culpado e foi sentenciado. "Foi finalmente através desse endereço de e-mail que o escritório foi capaz de contatar a vítima nos dias seguintes à mudança de alegação", disse ele. Ele se recusou a responder a outras perguntas sobre se o escritório do promotor deveria ter feito mais para tentar falar com ela.

Allen, o ex-promotor público de Anchorage, disse que só teve ciência de que Lauren não sabia da audiência de sentença depois que o caso foi encerrado. "Pensando bem, provavelmente o Departamento de Polícia de Anchorage deveria ter sido chamado a ir às ruas e tentar encontrá-la", disse. “Isso provavelmente deveria ter acontecido. Em casos futuros, tenho certeza de que esses esforços serão maiores.”

Ainda assim, tanto ele quanto Corey, o juiz, disseram que não acreditavam que a presença dela no tribunal teria mudado a sentença.

"Se ela estivesse lá, teria sido um evento muito mais emocional", disse Corey ao BuzzFeed News. “Isso teria aumentado a conscientização da realidade do efeito dessas ações, desses crimes para uma pessoa, mas não acho que isso teria mudado o resultado. Isso teria mudado a emoção no tribunal, mas não teria mudado o resultado.”

"Terei que viver com essa merda para o resto da minha vida, enquanto ele não sofrerá nenhuma consequência."

Corey também defendeu sua decisão de não pressionar os promotores a localizarem Lauren. "O problema com isso é que, se você pressionar os promotores a esse respeito, eles podem ter que divulgar que a vítima não está cooperando ou não pode ser encontrada, o que, é claro, leva o acusado a dizer, 'Bem, nesse caso não preciso admitir nada', e ele vai embora", disse Corey.

Mas, por mais que os advogados justificassem isso, o passe livre de Schneider deixou Lauren se sentindo desolada, impotente e injustiçada. “Meu pensamento era apenas este: outro cara branco escapando, e isso é injusto. Terei que viver com essa merda para o resto da minha vida, enquanto ele não sofrerá nenhuma consequência", ela disse entre lágrimas.

Ela acredita que Grannik podia ter feito mais para tentar punir seu agressor. “Se você acha que ele é um predador sexual, então o que é melhor do que ele estar na cadeia? Por que descartar a acusação mais séria?", ela perguntou. "Eu só acho que isso é a desculpa deles para fazerem isso do jeito que fizeram."

Lauren teve que parar de usar o Facebook após a sentença de Schneider, porque seus amigos compartilhavam as reportagens da mídia sobre o caso — sem perceberem que ela era a vítima dele. Ela leu alguns dos comentários online e ficou horrorizada com um que a acusou de inventar a história para se vingar. Isso a deixou apavorada, pensando no que as pessoas poderiam dizer sobre ela se alguma vez ela aparecesse.

Mas ela também encontrou apoio em uma dupla improvável de estranhos: os irmãos Elizabeth e Isaac Williams. Ambos ficaram chocados ao ler sobre a sentença. “Eu me lembro de ficar perplexa. Eu pensei que devia ter alguma coisa que eu não soubesse", disse Elizabeth, uma assistente social de Anchorage, de 25 anos. "Naquela noite, eu literalmente não consegui dormir."

O comentário de Grannik no tribunal sobre Schneider receber um "passe" ecoou em suas mentes. "Eu simplesmente fiquei muito chocado e horrorizado com alguém dizendo isso sobre um caso que impactou tanto a vítima", disse Isaac, um engenheiro de um hospital local, de 23 anos. Então, juntos, os irmãos resolveram formar um grupo ativista contra a violência sexual. Eles o chamaram de No More Free Passes (chega de passes livres, em tradução livre).

"Numa quarta-feira saiu a sentença", disse Elizabeth. “E começamos o grupo no Facebook na quinta-feira. No sábado, fizemos nossa primeira reunião, e 50 pessoas apareceram. Esse é um número enorme em se tratando do Alasca.”

Os irmãos culparam o resultado de Schneider em uma falha da lei e uma falha do sistema jurídico. No curto prazo, eles concentraram sua ira em Corey, o juiz, que por acaso estava pronto para uma votação de retenção nas eleições de meio de mandato em novembro.

Embora ele tenha dito que estava tão impedido pela lei quanto os promotores, os irmãos Williams argumentaram que Corey deveria ter adiado a audiência até Lauren ser notificada, e rejeitado o acordo de confissão de Schneider, alegando que a sentença suspensa e o crédito por sua prisão domiciliar eram muito permissivos. "Sim, as leis eram uma porcaria, mas mesmo com aquelas porcarias de leis o juiz Corey podia ter feito mais", disse Elizabeth.

À medida que o caso ganhou mais atenção nacional, o No More Free Passes ganhou mais adeptos. No Dia da Eleição, as pessoas compartilharam selfies com adesivos "Eu Votei", orgulhosamente declarando que votaram para derrubar Corey. Mais tarde, ele se tornou o primeiro juiz da história do Alasca a ser removido do tribunal pelos eleitores.

Corey, que agora está de volta trabalhando como advogado de litígio civil em Anchorage, ainda tem fortes sentimentos sobre o caso, alguns deles pessoais. "Houve uma enorme injustiça feita inicialmente à vítima, e posteriormente a mim e à minha família", disse ele.

"E o alvo mais fácil de sua indignação era eu, e o momento foi imediatamente antes da eleição de retenção, então basicamente era uma tempestade perfeita."

Corey culpa a incompreensão generalizada dos fatos subjacentes. “Quando você começa a dizer que essa pessoa cometeu um abuso sexual — o que, de acordo com os estatutos, ela não fez —, e então você diz: 'Bem, o juiz fez tudo isso apesar do abuso sexual', bem, você não pode voltar atrás”, disse ele. “Você simplesmente não pode, porque as pessoas estão muito indignadas. E o alvo mais fácil de sua indignação era eu, e o momento foi imediatamente antes da eleição de retenção, então basicamente era uma tempestade perfeita.”

Ele culpou Elizabeth Williams por não compreender a estrutura legal — e por usá-lo para "se tornar politicamente relevante".

"Ela conseguiu seu troféu. Espero que ela esteja orgulhosa de si mesma", disse ele. “Mas o que faremos? Toda vez que um juiz seguir uma lei impopular, iremos expulsá-lo?"

Elizabeth Williams riu da sugestão de que ela havia tirado proveito do escândalo. “Eu sou assistente social e ganho, tipo, US$ 50 mil por ano. Eu não ganhei nada com isso”, disse ela. “Na verdade, perdi muitos amigos. Perdi meu novo emprego por causa disso. Eu tive pessoas ameaçando me estuprar na minha caixa de entrada. Eu absolutamente não ganhei nada com isso.”

Depois de seu sucesso contra Corey, o No More Free Passes começou a pressionar o gabinete do governador a lançar uma revisão do tratamento de casos de abuso sexual do Departamento de Direito e de todos os promotores públicos do Alasca. Mas ele também pressionou e reuniu-se com legisladores, e trabalhou com ex-promotores e advogados de defesa para elaborar uma nova legislação que fecharia a brecha de Schneider de uma vez por todas. "Quando começamos a procurar, percebemos que, basicamente, essa mesma lacuna existe em todo o país", disse Isaac.

O House Bill 14 foi introduzido na Legislação do Alasca em fevereiro. O projeto de lei amplia a definição de contato sexual para incluir “conscientemente fazendo com que a vítima entre em contato com o sêmen”. Também torna o estrangulamento de alguém ao ponto de inconsciência uma agressão em primeiro grau, bem como um fator agravante na sentença, e estipula que o réu não pode receber crédito por tempo em prisão domiciliar ou em tratamento se for condenado por uma ofensa sexual. Por fim, dita que os promotores devem discutir com as vítimas de agressores sexuais para determinar, e subsequentemente notificar o tribunal, se a vítima está satisfeita com qualquer acordo de confissão.

Depois que o projeto foi aprovado pela Câmara do estado em abril, todos os 20 senadores do Alasca votaram por unanimidade em 8 de maio para que o projeto se tornasse lei. Matthew N. Shuckerow, secretário de imprensa do governador Mike Dunleavy, disse ao BuzzFeed News: “Embora uma data ainda não tenha sido escolhida, o governador Dunleavy espera assinar essa legislação em breve.”

Embora ele ainda sustente que os promotores poderiam ter feito acusações contra Schneider, Jim Davis, o advogado de Lauren, está aliviado com a aprovação do projeto de lei. "Acho importante fechar a brecha para que a próxima promotoria, daqui a um ou dois anos, não tenha a mesma desculpa", disse ele.

Allen, o ex-promotor de Anchorage, reconhece que o sistema decepcionou Lauren. "Ela foi vítima de um crime terrível, um ato terrível, e o fato de a lei não permitir que seu agressor seja totalmente responsabilizado é um insulto", disse ele. “Eu me sinto mal com isso, e acho que qualquer pessoa que tenha tido alguma coisa a ver com esse caso se sente da mesma maneira.”

A vida de Lauren ficou na maior parte "suspensa" desde o ataque. Ela parou de estudar e trabalhar, e tem focado em se reconstruir. Ela sonhava em se tornar uma massoterapeuta, e tinha estudado isso brevemente. Aos poucos, ela está flertando com a ideia de voltar para a escola.

Ela fez amizade com Elizabeth Williams depois que a promotoria entrou em contato para avisá-la que o No More Free Passes tinha criado um GoFundMe para ajudá-la. Foi Elizabeth quem a colocou em contato com Jim Davis e seu escritório de advocacia, que a tem representado de graça. Juntos, eles entraram com uma ação civil contra Schneider em novembro, buscando indenização por agressão. "Isso não vai levá-lo para a cadeia ou fazer você se sentir bem no fim das contas", Davis disse que contou a Lauren, "mas vai fazer algo mais do que nós apenas dizer: 'Ah, bem, estamos impotentes. Acho que ele se livrou dessa.'"

Por meio de seu advogado, Schneider se recusou a falar com o BuzzFeed News. Em sua resposta à ação civil, arquivada em dezembro, ele negou que havia enganado Lauren para convencê-la a entrar em seu carro, ou que ela tenha ficado inconsciente durante o ataque. Ele realmente admitiu, no entanto, “atacar, estrangular e ejacular” nela. Ele também admitiu que sua "conduta extrema e ultrajante" causou a Lauren "graves danos físicos e problemas emocionais". Eles resolveram o caso em 17 de maio sob termos confidenciais.

Lauren ainda não procurou aconselhamento profissional para ajudá-la em sua recuperação — ela disse que acha difícil se abrir para estranhos —, mas disse que sua namorada tem agido como uma "terapeuta pessoal" de fato (Lauren disse que não se identifica com uma sexualidade em particular, mas sim como uma "amante"). Elas se conheceram anos atrás, mas se reconectaram em janeiro de 2018 e estão juntas desde então. "Ela é incrível", disse Lauren. "Ela tem ficado ao meu lado desde o primeiro dia."

Focar-se em outros aspectos positivos, como as mudanças legais que seu caso desencadeou, também tem ajudado. "Estou simplesmente feliz que está mudando agora, e com a próxima pessoa que isso acontecer, ela não terá que ver seu predador se safando desse jeito", disse ela.

Depois de ficar cara a cara com a morte, ela está lentamente fazendo um plano para o resto de sua vida.

É um plano simples, mas é um começo.

"Só estou tentando ser feliz, porque isso tem sido difícil", ela disse com um suspiro. "Só estou tentando ser a melhor pessoa que posso ser e viver a melhor vida que puder." ●


Este post foi traduzido do inglês.

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