Entenda por que a Venezuela está afundando no caos

    Tribunal Supremo de Justiça, controlado por apoiadores de Nicolás Maduro, dissolveu a Assembleia Nacional, que tinha maioria oposicionista. Órgãos internacionais e líderes da oposição denunciam um rompimento da ordem constitucional. Enquanto isso, a economia está em frangalhos e não há perspectiva de melhora.

    O Tribunal Supremo de Justiça, instância máxima do Judiciário com maioria chavista na Venezuela, suspendeu a Assembleia Nacional e assumiu o Legislativo no país. Líderes da oposição — que controlava o Congresso — e a Organização dos Estados Americanos classificaram a manobra como golpe de Estado a favor do presidente Nicolás Maduro.

    A justificativa foi que a Assembleia Nacional descumpriu a Constituição venezuelana ao permitir a posse de três parlamentares da oposição. Eles são acusados de fraude eleitoral desde o início de 2016.

    Com esses três deputados, a oposição ao chavismo controlaria dois terços do Congresso, tamanho necessário para aprovar mudanças constitucionais que enfraqueceriam o poder de Nicolás Maduro, como destituir integrantes do próprio Tribunal Supremo de Justiça.

    Após a decisão, tomada nesta quinta (30), centenas de pessoas foram protestar no Tribunal Supremo de Justiça. Henrique Caprilles, candidato derrotado da oposição na eleição presidencial e governador do Estado de Miranda, convocou a população: "Há uma ditadura na Venezuela".

    Maduro ampliou e consolidou seu poder ao perseguir adversários políticos, principalmente nos últimos meses. Dois dias antes de desintegrar a Assembleia Nacional, o Tribunal Supremo de Justiça retirou a imunidade judicial de parlamentares, abrindo caminho para que o regime chavista acuse oposicionistas de crimes como terrorismo.

    Também houve forte reação internacional.

    O Departamento de Estado americano declarou que as decisões do tribunal são "um sério revés para a democracia" na Venezuela. Em nota, o Itamaraty repudiou as decisões do tribunal, que classificou como "claro rompimento da ordem constitucional" — leia a íntegra aqui.

    O secretário-geral da OEA, Luis Almagro, disse que as sentenças "são os últimos golpes com que o regime subverte a ordem constitucional. Aquilo que vínhamos advertindo infelizmente se concretizou."

    A Venezuela está afundada numa severa crise econômica.

    A economia do país está em recessão há três anos, e não deve reverter o quadro antes de 2019, segundo o Fundo Monetário Internacional. O PIB encolheu 10% apenas em 2016, segundo o FMI — o governo não divulga estatísticas confiáveis sobre a economia do país.

    A espiral teve início com o ciclo de queda dos preços de petróleo, a partir de 2014. A economia do país é muito dependente da commodity, cuja exportação é responsável por 95% do total da Venezuela.

    A inflação ultrapassa os 400%. Em 2014, 1 dólar equivalia a cerca de 100 bolívares. A cotação atual, segundo o DolarToday — que monitora o câmbio paralelo na Venezuela —, 1 dólar compra 3.451 bolívares.

    Mais da metade da população vive em situação de pobreza. Algumas pessoas não têm o que comer, e saques a caminhões ficaram comuns.

    Há escassez de produtos. Mesmo quem tem algum dinheiro para comprar algo, precisa encarar filas imensas nos supermercados.

    O desemprego atinge mais de um quinto dos venezuelanos.

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