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Mecânico recebia mesada de R$ 2.000 para deixar Ferrari de R$ 3 milhões em seu nome

Carro foi comprado com dinheiro de esquema de lavagem de dinheiro revelado nesta quinta (1º) em operação da Polícia Federal e da Receita. Segundo a investigação, empresas do setor de lixo lavaram ao menos R$ 200 milhões.

A Polícia Federal e a Receita deflagraram nesta quinta (1º) a Operação Descarte, que apura transações feitas por uma rede de empresas de fachada criadas para lavar dinheiro.

Um dos beneficiados pelo esquema, Atila Reys Silva, utilizava os laranjas não só para lavagem, mas também para ocultar patrimônio e fazer reformas em suas fazendas.

Uma Ferrari F12 Berlinetta prateada, modelo 2014, foi comprada por R$ 3 milhões e registrada em nome de uma empresa cujo dono, no papel, é o mecânico Ariovaldo Batista, que vive de consertar bicicletas em Lagoa da Prata (MG). "Ele foi ouvido e confessou que recebia R$ 2.000 por mês para emprestar o nome", disse o delegado Victor Hugo Rodrigues Alves Ferreira, titular da operação.

A Justiça determinou a apreensão desse e de outros veículos que pertencem a Reys Silva, como uma Maserati Quattroporte V8, duas BMW X4 e uma motocicleta Harley Davidson.

Segundo a PF e a Receita, a investigação começou porque uma das empresas de fachada, a Expressão Comunicação e Marketing — que está em nome de Ariovaldo —, fez transações com um operador financeiro pego na Operação Lava Jato. As autoridades não revelaram quem é o operador, mas disseram que o doleiro Alberto Youssef e seu ex-sócio, Leonardo Meirelles, foram ouvidos durante a apuração.

A partir daí, os investigadores identificaram seis núcleos de operação — Reys Silva era responsável por um deles —, com ao menos 14 empresas de fachada, que emitiam notas fiscais falsas. Funcionava assim: um cliente interessado em lavar dinheiro transferia dinheiro às empresas de fachada, que, por sua vez, emitiam notas fiscais falsas.

Em seguida, o dinheiro era repassado entre várias contas, de diferentes países, a fim de dissimular a real origem. Os investigadores ainda não sabem quem são todos os destinatários finais dos valores.

"Uma única transação, de US$ 850 mil, passou por Brasil, Hong Kong e Argentina", disse o delegado, para exemplificar um dos caminhos feitos pelo dinheiro.

O consórcio Soma, que possui o contrato de coleta de lixo em São Paulo, e outras empresas relacionadas, como a controladora Estre Ambiental, movimentaram ao menos R$ 200 milhões justificados com notas fiscais frias. Os documentos davam conta de vendas de insumos, como sacos de lixo e detergente, que não aconteceram de verdade.

Desde o início do contrato com a Prefeitura de São Paulo, em novembro de 2011, o consórcio recebeu R$ 1,1 bilhão, de acordo com a PF. Ainda não se sabe se há envolvimento de agentes públicos no esquema. "É bastante provável que haja, mas isso vai ser objeto agora de análise depois das buscas", concluiu o delegado.

Em nota, o consórcio Soma afirmou que "cumpre todas as exigências legais e que está prestando todas as informações solicitadas pela Polícia Federal".

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