Uma grife brasileira fez uma blusa com escravas negras servindo sinhás

    O desenho mostra uma mulher negra carregando o filho enquanto serve uma branca. Maria Filó disse que coleção foi inspirada em obra de pintor do século 19 e irá retirar a peça das lojas.

    Uma estampa feita pela Maria Filó causou revolta após um post da economista Tâmara Isaac, no Facebook, questionar por que o desenho retrata escravas negras servindo mulheres brancas.

    "Usar este momento vergonhoso da nossa história como recurso estético para vender roupas é inadmissível", afirmou Tâmara ao BuzzFeed Brasil, nesta sexta-feira (14).

    No Facebook, Tâmara escreveu, ontem à tarde:

    Hoje, fui procurar umas blusinhas bacanas para comprar e entrei na loja da Maria Filó. Entrei e ninguém me me cumprimentou ou falou qualquer coisa comigo, minutos depois, entrou uma mulher branca, prontamente recebida com um: "Boa tarde! Se precisar de algo é só falar". Até aí, nenhuma novidade, só mais um dia normal na vida de um negro. Começo a olhar as roupas e me pergunto: Confere? É uma estampa de escravas entre palmeiras. É uma escrava com um filho nas costas servindo uma branca? Perguntei à vendedora se aquela estampa tinha alguma razão de ser ou se era só uma estampa racista mesmo. Ela, me dirigindo à palavra pela primeira vez, não soube responder. Entrei no site da marca, com a esperança de que houvesse algum sentido naquilo, mas só encontrei uma marca que não satisfeita em representar somente mulheres brancas achou que esse Toile de Jouy de escravas seria de muito bom gosto.

    A estampa é parte da coleção Pindorama — nome pelo qual alguns povos indígenas se referiam ao Brasil. Hoje, o termo também é usado para criticar aspectos "antigos" do país.

    Segundo a Maria Filó, a peça foi inspirada em Jean-Baptiste Debret (1768-1848), francês que fundou a Academia Imperial de Belas Artes e retratou o Rio do século 19 — e, portanto, a escravidão que existia na então capital do Império Português.

    A blusa custa R$ 239, mas não será mais vendida. "A marca pede desculpas e informa que já está tomando providências para que a estampa seja retirada das lojas", disse, em nota.

    "A estampa é muito ofensiva", opina Tâmara. "Retirar das lojas é o mínimo que poderiam fazer", conclui a economista.

    A peça ainda está disponível no site da Maria Filó.

    Leia a íntegra da nota da Maria Filó:

    A Maria Filó esclarece que a estampa em questão buscou inspiração na obra de Debret. Em nenhum momento houve a intenção de ofender. A marca pede desculpas e informa que já está tomando providências para que a estampa seja retirada das lojas.

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