Emílio Odebrecht, ex-presidente da empreiteira de sua família e pai de Marcelo, prestou depoimento nesta segunda (13) ao juiz federal Sergio Moro, no âmbito da Operação Lava Jato.
Emílio disse que "sempre existiu" pagamento de caixa dois no Brasil, "desde a época de meu pai, da minha época e também de Marcelo". O delator falou por videoconferência — ele estava em São Paulo e não foi filmado, a pedido de seus advogados.
Emílio prestou depoimento na ação penal em que o filho dele, Marcelo, é acusado de ter pago propina pela liberação de contratos de sondas da Petrobras.
De acordo com o Ministério Público Federal, o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci foi o responsável por negociar os pagamentos com a Odebrecht. Ele foi identificado em uma das planilhas da empresa pelo apelido "Italiano".
Questionado pelo Ministério Público se Palocci de fato era conhecido como Italiano, Emílio Odebrecht se enrolou.
Primeiro, ele pôs em dúvida a conclusão dos procuradores: "Existem muitos apelidos na organização. Eu seria leviano, irresponsável de dizer que Italiano é... Ele é também..."
Mas em seguida, completou: "Pode ser também o nosso Palocci."
Mais à frente, disse que não poderia ter certeza de que aquele Italiano da planilha era de fato Palocci: "Quer dizer, então não saberia dizer se efetivamente o Italiano a que se refere aí diz respeito ao doutor Palocci. Não saberia dizer. Mas com certeza ele também era identificado como Italiano."
Depois, disse que o ex-ministro jamais fez pedidos "peculiares" a ele.
"Comigo ele nunca solicitou nada nem nunca nós tratamos diretamente desses assuntos... não é ilegais... peculiares", afirmou o ex-executivo.
"Se ilegais ou não, eu não quero entrar nesse mérito."
Emílio também aproveitou a oportunidade para dizer que a Odebrecht jamais teve um "departamento de propina".
Segundo ele, a alcunha foi criada pela imprensa para designar a área, que era chamada oficialmente de Setor de Operações Estruturadas.
"Não existe na organização um departamento [de propinas]. Não existiu nada disso de formalizar [o pagamento de propinas]. Existiu o responsável por operacionalizar recursos não contabilizados", disse.
"Foi dada essa nomenclatura [departamento de propina] não sei nem como, isso a imprensa vem repetindo, repetindo, repetindo, e isso está se tornando como se fosse uma verdade. E não é. Não é isso", completou.