Dias após a Câmara Municipal do Rio rejeitar um pedido de impeachment contra ele, o prefeito da cidade, Marcelo Crivella (PRB), atacou a Globo e se disse perseguido pela emissora.
O pedido havia sido protocolado após o jornal O Globo revelar, em 5 de julho, que Crivella recebeu evangélicos no Palácio da Cidade em um encontro secreto.
"O que nós precisamos é de ter uma política que faça com que esse país encontre o caminho do seu progresso e se liberte da corrupção", disse o prefeito durante o encontro.
"Nós somos a esperança. Nós pegamos a oferta do povo, levamos pro escritório, contamos tudo e a gente constrói igrejas. É esse Brasil evangélico que vai dar jeito nessa pátria."
Após a vitória na Câmara, Crivella concedeu entrevista ao programa Conexão Repórter, do SBT, e acusou a Globo de perseguir evangélicos.
"Quando chega no período eleitoral, as infâmias crescem, elas se multiplicam por 10, por 20. É uma tentativa de tirar o evangélico do processo político do país", afirma o prefeito.
Questionado sobre a quem atribui as "infâmias", Crivella diz: "A uma tentativa de uma elite jornalística que acha que os evangélicos são desqualificados para participar do debate".
"O desabafo que eu faço é que nós precisamos ter uma imprensa que não se envolva na política partidária, que não tenha ambição de dirigir o país", continuou o prefeito, que é bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus e sobrinho de Edir Macedo, fundador da denominação neopentecostal e dono da TV Record.
Em três momentos da entrevista, Crivella citou a Globo nominalmente. Ele defende que a reunião com evangélicos não foi secreta, como afirmou o jornal.
Para sustentar o argumento, ele mostra ao jornalista Roberto Cabrini um vídeo em que pessoas elogiam iniciativas da prefeitura: "Isso são depoimentos das pessoas que participaram de diversos eventos meus. Isso não sai na Globo". Em seguida, sustentou que deu a mesma resposta ao jornal O Globo, mas que foi ignorado.
Questionado sobre o momento da reunião em que incentivou os pastores a procurarem a servidora Márcia Nunes, assessora dele na prefeitura, para tratar de cirurgias de catarata, o prefeito disse que a situação não é extraordinária.
"São funcionários públicos, como eu, que estão aqui para ajudar, para dar informação. E não foi só nessa reunião que O Globo diz que é secreta e não é, em todos os lugares me acompanham", disse ao SBT.
Em meio às críticas contra a Globo, sobrou até para o Museu do Amanhã, que foi construído com apoio da Fundação Roberto Marinho. "Eu quero terminar [o mandato] com as pessoas dizendo: 'O Crivella foi um servidor público'. Nada mais do que isso. Não quero ter monumentos, como estádios de uma Olimpíada, como o Museu do Amanhã, mas quero servir às pessoas", disse o prefeito.