Mais de 6 milhões de eleitores não escolheram candidato algum nas 18 capitais brasileiras que tiveram 2º turno, neste domingo (30). O Rio de Janeiro, cuja disputa foi entre Marcelo Crivella (PRB) e Marcelo Freixo (PSOL), apresentou a menor taxa de comparecimento: 58,5% dos eleitores votaram.
Prefeito eleito do Rio, Crivella teve 1,7 milhão de votos — menos que os 2,03 milhões de cariocas que optaram por votar nulo ou branco ou, simplesmente, não compareceram à urna.
Porto Alegre, capital com a segunda maior abstenção, elegeu Nelson Marchezan Jr. (PSDB) com 402 mil votos, número menor que a soma de brancos, nulos e abstenções: 433 mil.
Belo Horizonte, terceira capital em que o "não voto" venceu, elegeu o ex-presidente do Atlético-MG Alexandre Kalil (PHS). Ele teve 628 mil votos — contra 742 mil do "não voto".
Gilmar Mendes, ministro do STF e presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), considerou os números "ruins".
"Percebe-se que alguma coisa ocorre, no que diz respeito a esse distanciamento entre o eleitor e os políticos que eventualmente o representam", comentou o ministro.
Ele ponderou, no entanto, que as abstenções podem estar inflacionadas — eleitores que morreram a partir de maio deste ano, por exemplo, foram contabilizados como abstenções.
Essa foi a explicação que Gilmar Mendes deu para possíveis distorções na quantidade de abstenções:
Nós não devemos, todavia, supervalorizar — eu insisto nisto — a questão da abstenção tendo em vista algumas impropriedades que se colhem. Já afirmei, por exemplo, que onde temos a biometria — portanto um cadastro atualizado — nós temos um índice menor [de abstenção] do que ocorre onde não temos a biometria. Depois, então, nós temos esse fenômeno de pessoas que mudam de cidade sem mudar o domicílio eleitoral, e isso acaba portanto também contaminando esses dados. E até por curiosidade, o nosso cadastro não envolve aquelas pessoas que faleceram a partir de maio, ainda não está atualizado. Então, podemos aqui ter uma imprecisão no que concerne às chamadas abstenções. Vamos trabalhar na atualização, estamos fazendo um esforço no que diz respeito à universalização da biometria, e certamente isso vai dar mais confiabilidade aos dados. De qualquer forma, não são números desprezíveis esses que estão aí colocados.