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O #PulitzerDeTaubaté surgiu de conta com 30 seguidores e chegou ao topo do Twitter

Acusação de que o jornalista Glenn Greenwald mentiu sobre o Prêmio Pulitzer se baseia em fake news que circula nos Estados Unidos desde 2014.

A hashtag #PulitzerDeTaubaté surgiu pela primeira vez às 19h28 de ontem em uma conta com apenas 30 seguidores, foi abraçada por perfis pró-Bolsonaro e alcançou o topo dos Trending Topics do Twitter durante boa parte do dia de hoje.

A expressão, que acusa o jornalista Glenn Greenwald de ter mentido ao se dizer ganhador do prêmio Pulitzer, é a reciclagem de uma fake news que circulou em 2014 nos Estados Unidos. Abaixo a versão brasileira da fake news. O original em inglês está neste blog aqui.

Glenn Greenwald não ganhou um Pulitzer. Aqui uma explicação.

Greenwald é tratado como adversário pelos apoiadores do presidente Jair Bolsonaro desde que o site The Intercept Brasil começou a divulgar, em 9 de junho, mensagens atribuídas ao ex-juiz Sergio Moro e o procurador Deltan Dallagnol em que há sugestões de testemunhas a serem ouvidas, dicas de atuação para a Procuradoria e até sugestão de inversão de fases da operação Lava Jato.

Ao contrário do que diz fake news, Greenwald é, de fato, um dos vencedores do Pulitzer pela série de reportagens que, com base nas informações do ex-analista de inteligência dos EUA Edward Snowden, revelou o esquema de espionagem maciça promovida pela NSA (sigla em inglês para Agência de Segurança Nacional).

O nascimento da hashtag no Twitter ocorreu por meio do usuário @a_rnobrega, com 30 seguidores. O perfil respondeu a um retuíte que trazia o texto da "Karen Mel" lançando a hashtag. Seu comentário teve apenas 15 likes e 6 retuítes.

@alexsanspacheco Já dá pra dizer #pulitzerdetaubaté ?

Dez minutos depois, na mesma thread (fio), outro usuário identificado como @Algredomelodasi (45 seguidores), endossou a ideia: "Tem que subir a hashtag #pulitzerdetaubate".

@alexsanspacheco Tem que subir a hashtag #pulitzerdetaubate

Nas primeiras horas, a hashtag baseada na fake news patinou e recebeu um empurrão ocasional de contas com características de robôs, os bots, como são chamadas os perfis automatizados.

De acordo com o PegaBot, uma ferramenta de machine learning que mede a probabilidade de automação de perfis, este tuíte tem 74% de probabilidade de ter sido produzido por um bot.

Mas houve crescimento orgânico. E pouco depois da meia-noite a hashtag foi compartilhada por uma conta com mais de 35 mil seguidores. "E aí @ggreenwald, você ganhou ou não um pulitzer #PulitzerDeTaubaté", escreveu @0C0RV0.

E aí @ggreenwald, você ganhou ou não um pulitzer? #PulitzerDeTaubaté

Já na manhã de hoje, a hashtag foi usada por alguns dos maiores influencers do bolsonarismo, como Leandro Ruschel, que tem 268 mil seguidores no Twitter. Foi aí que a expressão chegou ao topo dos assuntos mais comentados na rede social.

Depois que o jornalista que escondeu o Holodomor ganhou um Pulitzer, e a organização que define o prêmio se negou a retirá-lo, virou um demérito. De qualquer forma, o Pulitzer do Verdevaldo é tão verdadeiro quanto seus ataques contra a Lava Jato. #PulitzerdeTaubate

Pouco mais tarde, outro importante influencer de direita, Bernardo Küster (253 mil seguidores), usou a hashtag, desvinculando-a da origem do fake news. Segundo ele, a discussão sobre se Greenwald ganhou ou não um Pulitzer não é importante porque "um prêmio no passado não valida um trabalho mambembe no presente".

Que se lasque se Verdevaldo recebeu ou não o Pulitzer. A discussão é inócua pois um prêmio no passado não valida um trabalho mambembe no presente. É como dizer que só porque um ator recebeu um Oscar, todas as atuações posteriores seriam dignas de um. #PulitzerdeTaubate

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