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Comentários ditos há 1 ano derrubaram William Waack em apenas 7 horas

O vídeo em que o jornalista diz "coisa de preto" foi publicado no Twitter às 14h28. Até por volta das 18h, ele ainda estava escalado para apresentar o jornal. Às 21h28, a Globo divulgou seu afastamento.

Quando a jornalista Renata Lo Prete deu o boa noite inicial no "Jornal da Globo", à 00h27 de quinta (9), a presença dela na bancada era notícia.

Com o afastamento do apresentador William Waack, a Globo validou a influência das redes sociais em pautar debates. Até o minuto em que Lo Prete entrou no ar, o vídeo no qual Waack afirma entre risadas que as buzinadas ouvidas ao fundo são "coisa de preto" havia sido retuitado 3.158 vezes e curtido outras 4.094, levando a conversa a milhões de usuários.

Após a escalada inicial, a apresentadora leu na íntegra a nota em que a Globo declarou-se "visceralmente contra o racismo em todas as suas formas e manifestações" e confirmou o afastamento do jornalista "até que a situação esteja esclarecida".

A saga de 7 horas que levou ao desligamento de Waack começou às 14h28, quando o radialista Jorge Tadeu publicou as imagens no Twitter, com a legenda: "O outro lado de William Waack: o racista."

O outro lado de William Waack: o racista.

Reprodução

O vídeo aparenta ter sido gravado com um celular a partir de uma televisão. É um "vídeo do vídeo", o que faz com que tanto o áudio como as imagens percam qualidade — daí a margem para que a Globo diga apenas que "ao que tudo indica" os comentários possuem "cunho racista". Não se sabe se a gravação original ainda existe.

À tarde, após ver as imagens, Waack disse a pessoas próximas não se lembrar do episódio e negou ter feito comentários racistas.

A cena aconteceu em 8 de novembro de 2016, exatamente 1 ano antes de ser divulgada, e por isso o cenário é a Casa Branca. O jornalista disse a pessoas próximas, segundo apurou o BuzzFeed News, que assistiu às imagens repetidas vezes, com fones antirruído, e concluiu que não é possível ter certeza sobre o que disse.

Às 16h55 de ontem, o BuzzFeed News entrou em contato com a assessoria de imprensa da Globo para que a emissora comentasse o assunto — àquela altura, nenhum veículo de mídia havia procurado a empresa ainda. Notas começavam a pipocar em sites de esquerda, repercutindo o vídeo sem avançar na história, e o nome de William Waack entrou nos Trending Topics brasileiros do Twitter.

O analista que aparece ao lado de Waack no vídeo, Paulo Sotero, diretor do Brazil Institute do Wilson Center, disse não se lembrar da fala do jornalista. "Eu acho que o William não é assim. Eu, certamente, não sou assim — repudio racismo", afirmou ontem em entrevista ao BuzzFeed News.

Até por volta das 18 horas, Waack ainda estava escalado para apresentar o "Jornal da Globo" daquela noite. Foi mais ou menos aí que o nome dele chegou ao topo dos assuntos mais comentados no Twitter.

Mas, àquela altura, a situação já era insustentável. Às 21h28, exatamente sete horas após o vídeo vir a público, a Globo enviou a nota comunicando o afastamento de Waack.

Vale lembrar que Waack interagia quase toda noite com Heraldo Pereira, um dos repórteres negros mais experientes do país — e cuja marca registrada é agradecer ao telespectador, "que para nós do 'Jornal da Globo' é sempre sinal de prestígio com a sua audiência".

Na edição de ontem, o repórter Abel Neto foi responsável por apresentar os gols da rodada no futebol. Algumas poucas vezes, a apresentadora Maju Coutinho — que já foi vítima de ataques racistas na internet — fez a previsão do tempo.

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