Mais gente foi morta em 1 semana no Espírito Santo do que em 1 ano de ataques terroristas nos EUA

    Até agora, número de vítimas chegou a 121, segundo o Sindicato da Polícia Civil. No ano passado, foram 66 mortos em decorrência de ataques terroristas nos Estados Unidos.

    O número de mortes durante a onda de violência que se seguiu à paralisação da Polícia Militar no Espírito Santo ultrapassa o de vítimas de todos os ataques terroristas nos Estados Unidos no ano passado.

    De acordo com o Sindicato da Polícia Civil, houve ao menos 121 homicídios desde o último sábado (4).

    Em 2016, segundo o Johnston's Archive — uma base de dados independente sobre extremismo —, ocorreram 13 ataques terroristas nos Estados Unidos, que deixaram 66 vítimas fatais. Um único ataque, na boate gay em Orlando, deixou 50 mortos.

    A quantidade exata de homicídios no Estado, porém, é uma incógnita.

    O Sindicato da Polícia Civil é quem tem divulgado os balanços, citando como fonte o Centro Integrado Operacional de Defesa Social (Ciodes).

    No entanto, a contagem pode conter alguma imprecisão por dois fatores: segundo policiais ouvidos pela reportagem, alguns casos foram reportados mais de uma vez, o que atrapalhou nas contagens iniciais.

    Além disso, nem todas as mortes podem acabar sendo contabilizadas como homicídios, mas como "encontro de cadáver", por exemplo.

    "Essa alterações são normais, porém não muda a quantidade, somente a causa, assim alguns [casos] podem deixar de ser [considerados] homicídios", diz o sindicato em nota.

    "Pode haver uma pequena diferença com as informações do Departamento Médico Legal", continuou o órgão. O DML de Vitória concentrou apenas os corpos encontrados na região metropolitana da capital capixaba.

    "Ao todo, contei 45 corpos, não sei de onde vêm ou onde estão os outros", disse ao BuzzFeed Brasil na quinta-feira (9) o delegado José Lopes, da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa.

    Ele ressaltou que esse número dizia respeito apenas à região metropolitana, ou seja, casos que foram encaminhados ao DML de Vitória — a contagem do sindicato leva em conta mortes no interior, que não são registrados na DHPP.

    Com a grande quantidade de mortes, a infraestrutura do DML de Vitória não deu conta de acomodar todos os corpos de maneira adequada.

    Apenas dois funcionários atendiam todos os parentes de vítimas que compareceram ao local a fim de reconhecer corpos. A sala de espera esteve cheia nos últimos dias.

    Órgãos oficiais se recusam a passar até informações básicas, como os nomes das vítimas e os boletins de ocorrência. Nesta quinta (9), o BuzzFeed Brasil contou a história das adolescentes Késia, 16 anos, e Ellen, 14, mortas com tiros à queima-roupa na cabeça.

    Investigadores disseram à reportagem que a maior parte dos mortos foi encontrada em situações semelhantes. Segundo eles, tiros fatais sem possibilidade de defesa à vítima são traços característicos de execução.

    Enquanto isso, a região metropolitana continua praticamente deserta. Algumas lojas voltaram a abrir as portas na quinta (9), mas o clima está longe da normalidade.

    Mesmo os estabelecimentos que estão funcionando operam em horário diferente. Desde domingo, o principal shopping de Vitória encerrou as atividades mais cedo.

    Cerca de 3.000 militares do Exército e da Força Nacional de Segurança patrulham partes da cidade, mas não estão em contingente suficiente para suprir a ausência da PM — que, no Espírito Santo, conta com efetivo de 10 mil pessoas.

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