Temer volta a dizer que não vai interferir na Lava Jato, mas há sinais de sabotagem contra operação

    Presidente disse que ministros só serão afastados caso virem réus.

    Durante a semana passada, diversas ações do governo de Michel Temer (PMDB) e do Congresso Nacional foram apontadas como tentativas de atrapalhar a Operação Lava Jato.

    Nesta segunda-feira (13), o presidente fez um pronunciamento e disse que sua gestão jamais poderá interferir na investigação.

    Michel Temer faz pronunciamento, neste momento, no Palácio. Diz que governo jamais poderá interferir na Lava Jato

    Temer prometeu, ainda, que qualquer ministro de seu governo que virar réu será afastado definitivamente do governo.

    URGENTE: Temer diz que ministro denunciado na Lava Jato será afastado provisoriamente. Virou réu, sai definitivamente

    A declaração, na prática, é uma tentativa de o governo escapar de um sentimento que está ganhando a opinião pública: de que há um plano em curso para 'estancar a sangria' da Lava Jato.

    A decisão sobre o pronunciamento foi tomada no fim de semana, após Temer conversar com ministros e aliados que visitaram as bases nos estados.

    Todos disseram ao presidente que era preciso e reagir e tentar tirar do colo do governo a culpa por qualquer freio à Lava Jato.

    Por isso no discurso de hoje Temer frisou que a operação caminha sozinha no Judiciário. Além disso, delimitou de forma clara que o envolvimento do governo nos processos se dará até o momento de uma denúncia.

    Se a reação de Temer vai agradar ou não os corações e mentes dos brasileiros que acompanham a Lava Jato, somente o tempo dirá. Mas, verdade é que, nos últimos dias, não faltaram ações do governo que apontam na direção do enfraquecimento da operação.

    Um exemplo claro é o de Moreira Franco, promovido do posto de secretário-executivo do Programa de Parceria para Investimentos para o cargo de ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República.

    Em conversas reservadas, Temer admite que errou em alçar Moreira ao cargo de ministro. Não tanto pela nomeação em si, mas pelo timing, três dias depois da homologação da delação da Odebrecht. Aos aliados, o presidente diz que deveria ter feito isso muito antes.

    Com a nomeação, Moreira — "Angorá", na lista da Odebrecht — passou a ter direito a foro privilegiado, o que criou uma batalha jurídica entre oposição e governo. Se passar de investigado a réu, será julgado pelo STF.

    O Supremo, por sua vez, deverá ter um novo integrante em breve.

    Trata-se do ministro da Justiça licenciado, Alexandre de Moraes (PSDB), indicado por Temer à vaga de Teori Zavascki, morto em janeiro.

    Para assumir o cargo, porém, Moraes precisa ser aprovado em uma sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado.

    No dia em que Moraes foi indicado ao STF, o BuzzFeed Brasil revelou que ele acumulou um patrimônio milionário antes de migrar do setor púbico para a advocacia particular.

    O senador Edison Lobão (PMDB-MA), também investigado na Lava Jato, foi eleito presidente da CCJ na semana passada. Ele recebeu uma visita "de cortesia" do indicado ao Supremo.

    O favorito de Temer para a vaga no STF também confraternizou com outros senadores investigados na Lava Jato, em um barco em Brasília.

    Ele disse que a reunião foi "séria e respeitosa".

    Com o patrocínio do Planalto, Eunício Oliveira (PMDB-CE), o "Índio" na planilha da Odebrecht, foi escolhido para ser presidente do Senado.

    Ele substitui Renan Calheiros (PMDB-AL), novo líder do partido na Casa.

    Na Câmara, não foi diferente. Rodrigo Maia (DEM-RJ), o "Botafogo" da Odebrecht, reelegeu-se à presidência da Casa após uma briga jurídica com seus adversários. Ele teve apoio do Planalto.

    Por fim, a Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal pede a saída do diretor-geral da instituição, Leandro Daiello.

    Apesar de diversas operações da Lava Jato terem ocorrido sob a batuta de Daiello, a entidade atribui a ele a saída de diversos integrantes da força-tarefa da operação, como o delegado Márcio Adriano Anselmo.

    Ele deixou a chefia da força-tarefa para assumir a corregedoria da PF no Espírito Santo. Ele diz ter trocado de cargo a pedido, por "motivos pessoais".


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